Temos acompanhado a acção da Câmara de Santarém, autoritária e de imposição, perante os comerciantes que, desde há muitos anos, prestam serviço à comunidade no Mercado de Santarém.
Serão, talvez, os últimos resistentes da mudança radical trazida pelos “Grandes Hiperes e Centros Comerciais”, cuja asfixia limitou e extinguiu tanto comércio tradicional e de proximidade.
Ora, não permitamos que, conforme os novos paradigmas, assentes numa retoma a boas práticas, que criam emprego e cuidam do ambiente, sejam destroçados por um Executivo teimosamente oco de ideias!
O Mercado é nosso! Dos comerciantes e dos clientes que, teimosamente, sentem nele a diferença perante um “mundo” standard e fastidioso.
Não queiramos que se entregue aos modelos já batidos e fora de moda, onde até a própria Igreja, desperta agora para os problemas sociais, veio tomar a palavra e pedir o encerramento dominical das Grandes Superfícies.
Claro que o Mercado necessita de obras, são fundamentais, mas respeitem-se os elos de comunhão popular e de interesse comunitário.
Nesta cidade, onde já tão pouca coisa motiva uma visita, não se corte um dos seus derradeiros pólos de atracção!
Indignemo-nos perante os erros de má gestão, cujo estacionamento é disso exemplo, entregue a terceiros e sem entrada de recursos; não se permita que o silêncio perpetue uma estrada Nacional encerrada (fala-se que vai abrir uma faixa); que uma Estação Ferroviária seja tão mal servida; que mais nenhuma empresa de gabarito haja substituído a UNICER e a RICAL. E fiquemo-nos só por aqui!
O Mercado é uma peça de Museu, que resiste ao vazio museológica de Santarém, uma cidade com História de “portas trancadas”!
O Mercado é um Museu vivo!
Finalmente, os resultados mostram que há formatos, já em número assinalável, de centros comerciais mortos.
Assim, revitalizar-se o Mercado de Santarém não poderá passar por apagar os direitos dos comerciantes, que o reanimam há tantos anos, e dos que, diariamente, lhe dão vida como clientes ou visitantes!
Não se permita que se entregue o Mercado Municipal à iniciativa privada desprezando os direitos de quem ali labora há tantos anos.
Sobre as obras no Mercado Municipal, fala ainda a Autarquia na criação de negócios “âncora”, para que os possíveis interessados nas lojas, após as obras, possam concorrer aos lugares em igualdade de circunstâncias com outros possíveis concorrentes. É estranha esta “conversa” !?… Por isso, questiona-se: ” Que negócios “âncora” trouxe esta Autarquia para a cidade, se até a Região de Turismo do Ribatejo deixou de existir e deixámos de ser Ribatejo?”
Mesmo a terminar, quanto à possível instalação dos comerciantes na Casa do Campino, enquanto durarem as obras, tal sugestão é uma “certidão de óbito”: enviados para um canto da cidade, onde só se vai nos festejos, acabarão por ver “morrer” o negócio e terão “os dias contados”.
Apoiar a luta dos comerciantes do Mercado Municipal é um Manifesto por uma Cidade mais equilibrada, mais humana e mais justa!
Arnaldo Vasques