Não, não vou retouçar na vestimenta das senhoras tidas e achadas das sacristias tão bem descritas por Eça de Queirós, vou comentar a propensão do PAN para tudo querer proibir, tudo querer punir, tudo querer controlar ao modo dos estados totalitários.
O Grande Irmão criado por Orwell incita à vigilância total, as pessoas para já até elogiam o desvario, se a sanha persecutória continuar o consumo de carne, de peixes brancos e azuis vai sofrer restrições escoradas no fundamentalismo nutricional, os frutos vermelhos do mar e dos rios serão escorraçados, resta-nos mastigar alfaces, raízes e alguns bolbos, porque não sendo asceta ou eremita a doutrina do PAN é o fanatismo. Ninguém fica agradado com a proliferação de pontas de cigarro nas ruas, jardins e cemitério, no entanto, a febre proibicionista apoderou-se dos deputados impediu-os de pensarem seriamente antes de votarem, levando-os a preferirem a repressão à educação ambiental.
Os tempos estão propícios aos coletes amarelos do pensamento, aperta-se o cerco a todos os desobedientes à vulgata do politicamente correcto, este ataque aos consumidores de beatas vai produzir inúmeros conflitos entre autuantes e transgressores e tal como no tempo de Salazar autor da célebre lei contra os isqueiros vamos assistir ou participar no jogo do gato e do rato da beata à solta.
Não fumo, mas fumei alegremente charutos de todas as origens e qualidades dando preferência aos cubanos e dominicanos, atirei os restos crepusculares ao chão inúmeras vezes o que não é motivo de orgulho e por isso mesmo emendei a mão, porém no caso em apreço uma ponta de charuto não é uma ponta de cigarro, ou é?
Sim, estamos na estação maluca, isso não significa acolhermos a desmesura da coima, a falta de perspicácia dos deputados dos restantes partidos entretidos com o acessório esquecendo o essencial, o bom senso.
Armando Fernandes