A “lavagem de roupa suja” em torno dos incêndios já começou.
O presidente da Câmara de Mação já anunciou que vai colocar o Estado / Governo em tribunal, após as eleições legislativas por desvio de meios no incêndio de julho 2017.
O primeiro-ministro reage: “não digo aos que são os primeiros responsáveis pela proteção civil em cada concelho, que são os autarcas, o que é que devem fazer para prevenir, através da boa gestão do seu território, os riscos de incêndio”.
As polémicas em torno da aplicação dos fundos financeiros continuam!
Um ferido grave necessitou de ser evacuado de helicóptero mas as luzes da pista de aterragem não funcionaram.
A empresa Heliportugal tinha seis helicópteros Kamov de combate a incêndios parados para manutenção há mais de um ano, destes, três recomeçaram agora a voar.
Bombeiros voltam a queixar-se da alimentação que lhes é fornecida.
São descobertos engenhos pirotécnicos incendiários…
Ardem áreas que já tinham ardido, ardem eucaliptos e pinhais que já tinham ardido, ardem vidas e aldeias, uma repetição que parece indicar periocidade: de 12 em 12 anos é assim… A ditadura do eucalipto, ou a ditadura das celuloses?
O SIRESP, o tal que falhava quase sempre, parece que desta vez funcionou mesmo. É verdade, o governo foi obrigado a nacionalizá-lo.
Ainda continuamos, cometendo sucessivamente os mesmos erros, continuando a entregar meios fundamentais de proteção civil a empresas privadas, continuando a fazer do socorro um instrumento de negócio…
O incêndio também é um negócio, até quando?
O noticiário televisivo dá conta da intenção de se criar um exército europeu, mas não há um serviço de proteção civil europeu que socorra as populações!
Uns dias antes, os mesmos noticiários valorizavam a intervenção militar portuguesa em países estrangeiros; também “apagavam os fogos” incendiados pelos fabricantes de armas e multinacionais sobre etnias, gentes e lugares na disputa de pedras, metais preciosos e petróleo.
As alterações climáticas, os fenómenos atmosféricos extremos, consequência de “modelos de negócio” poluentes e destruidores da natureza agravam tudo e tudo estão a extremar.
Mas o negócio continua…
Para quando um “exército” de proteção civil português, eficazmente dotado, profissional, estatal?
Para quando uma gestão cooperativa das áreas florestais que substitua o abandono? Ou uma gestão pública e coerente da floresta que se substitua a pequenos e pobres proprietários? Quando se limita decisivamente o uso do eucalipto?
Quando o incêndio deixa de ser um negócio?
Vítor Franco