Sexta-feira, Setembro 29, 2023
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Choremos, choremos

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Após as catástrofes de todo o género, mesmo das previsíveis só os corações empedernidos ou eivados de pelos não amolecem os sacos lacrimais de modo a as lágrimas não correm com o ímpeto das cataratas mesmo quando os desastres correm longe da nossa vista e as pungentes imagens televisivas chegam até nós. Mais uma vez tivemos a desdita de observar as calamitosas chamas a queimarem matas, sobreirais, restolhos, hortas e árvores na zona do Pinhal nos concelhos de Vila de Rei, Sertã, Mação e a ameaçarem o território de Proença-a-Nova.

Vi os meus estimados amigos Vasco Estrela, Ricardo Aires e Paulo César a arfarem de cansaço a responderem a perguntas estereotipadas, repetidas até à náusea, zangados quando lhe perguntavam se dispunham de meios, porque os meios tardavam em aparecer enquanto homens e mulheres lastimavam a triste sorte de todos os anos o Estio se comprazer em lhes atiçar as labaredas traiçoeiras como se estivessem condenados às penas infernais, não se sabe bem porque motivo os poderosos do Olimpo os castigam sem só, nem piedade.

As mulheres e homens daqueles territórios só sabem que a incúria dos governantes é a grande responsável, desleixo de caçadores de votos a todo o transe, pródigos em promessas, sempre prontos a justificarem o injustificável, amuados caso alguém lhes lembre o prometido ou proteste com veemência como Vasco Estrela fez ao verificar a discriminação cometida recentemente contra o seu concelho e se zangue ao verificar, mais uma vez, o zig-zag no ataque aos incêndios.

As populações ajudam quanto podem, causticados no passado cumprem no presente a lei de protecção das residências, as Autarquias redobram esforços na tentativa de verem desaparecer as nuvens de fumo de uma vez por todas, no entanto, os fogos reaparecem em simultâneo em locais diferentes. As pessoas desesperam, entre lágrimas e suspiros tentam suster a inclemente acção das fogueiras, não de vaidades, essas pavoneiam-se nas conferências de imprensa e nos comentários de quem só aparece quando é possível recolher dividendos eleitorais.

Choremos, choremos ante tanta e tão funesta sorte daquelas gentes, imploremos aos Deuses refastelados olimpicamente, onde só há beatitude, hossanas e hinos, nunca angústias e desgostos seguindo o exemplo dos terrenos fazedores de promessas disto, daquilo, de tudo, na vontade de nos fazerem acreditar na reposição do maná na sequência de termos recebido gratuitamente óculos de aumento das disponibilidades gerais e diminuição dos deveres e impostos específicos. Choremos, choremos!

Armando Fernandes

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Armando Fernandes
Armando Fernandes
Licenciado em História pela Universidade Clássica de Lisboa, concluiu o Curso Superior de Bibliotecário-Arquivista na Universidade de Coimbra e é Mestre em Estudos Portugueses pela Universidade Nova de Lisboa. Investigador na área da História da Alimentação, Costumes e Usanças Alimentares e consultor cultural. Desenvolve atividade no domínio das indústrias culturais e criativas, tem diversas obras publicadas: Memórias da Ilha de Santa Maria, Lampreia manjar esquisito, Ágape Banquete Ritualístico Maçónico, A Alça ao Tiracolo.
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