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Santarém: a(s) Vergonha(s) da Minha Terra

Podia ter colocado um título mais suave neste meu escrito, mas “dourar a pílula” não é o meu género e não é costume ocultar aquilo que penso, o que não tem abonado muito a meu favor em certos círculos de pensamento condicionado ou bem acomodado com os poderes instalados. Sejam eles políticos, religiosos, ou até os que, quase invisíveis, cobram dos que não se ajoelham e dos que ainda vão tendo alguma coluna vertebral que lhes permite ser coerentes e agir conforme essa coerência.

Aprofundar as causas do estado a que chegou o nosso Concelho e esta Cidade, seria um desafio a que não me atrevo, para já, responder. Existirão sempre juízos subjetivos, discutíveis e que podem não reunir consensos, no entanto há evidências muito objetivas que podem ser bem identificadas e tão óbvias, que se podem considerar as causas próximas do descalabro.

Basta responder a três simples perguntas:

  1. Quais os investimentos infraestruturantes que foram feitos em Santarém nos oito anos de liderança do atual Presidente de Câmara?
  2. Quais os equipamentos importantes e básicos que faltam e que nem sequer estão previstos nos próximos anos?
  3. Que futuro se prevê para Santarém num plano estratégico de desenvolvimento?

1– A resposta à primeira pergunta é muito fácil: Não foi feito qualquer investimento importante e diferenciador nos anos da atual liderança (desde 2011).

2– Em relação à segunda questão, podem-se mencionar alguns equipamentos cuja existência é normal, diria até básica, em qualquer concelho, que faltam em Santarém e que nem estão previstas em qualquer plano de investimentos para os próximos anos.

Para tal, veja-se um Mapa Comparativo com concelhos próximos, que inclui alguns desses equipamentos (seria mais humilhante ainda, fazer comparações com qualquer outra capital de distrito):

  População (Milhares) Museu Municipal Biblioteca Moderna Complexo Desportivo Pista Atletismo Teatro c/+ 300 Lugares Campismo/ Autocarav. Parque Multiusos
ALCANENA 13 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
ALMEIRIM 23 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
ALPIARÇA 7 Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim
CARTAXO 24 Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim
CORUCHE 18 Sim Não Sim Sim Não Sim Sim
RIO MAIOR 20 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
SANTARÉM 57 Não Não Não Não Não Não Não
TORRES NOVAS 35 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Nota: No campismo considera-se Almeirim, Cartaxo, Coruche e Rio Maior, com parque de campismo/auto caravanismo, por se terem candidatado e por lhes ter sido aprovado e apoiado pela Comissão Regional de Turismo. Santarém não tem nada disso e… nem se candidatou.

3-Em relação a esta questão, a resposta é muito simples: Santarém não tem Plano Estratégico e ninguém sabe prever o seu futuro. Para um crente será caso para dizer que o futuro de Santarém a Deus pertence…

No entanto há muitos e seguros sinais de que o futuro do Concelho não vai ser risonho e que a sua decadência irá continuar durante anos. Senão vejamos: Tudo o que existe de relevante na cidade e que atualmente constitui quase a sua única fonte de promoção para o exterior, foi obra de executivos anteriores aos do PSD (Feira Nacional da Agricultura, Feira de Gastronomia, Parque Aquático). O último investimento estruturante foi a terminação da Rua O e, quando estavam já em curso os trabalhos do Complexo Desportivo, este foi parado pelo polícia/paraquedista que entrou entretanto de serviço, com a perda dos investimentos feitos e da indeminização ao empreiteiro (quase 1 milhão).

A cidade continua com espaços vitais abandonados há anos e sem futuro previsto (Campo Emílio Infante da Câmara, ex-EPC, ex-Presídio Militar, Teatro Rosa Damasceno, por exemplo). O Centro Histórico continua a ser o que bem se sabe, sem qualquer plano de ação que mitigue o seu abandono e faça prever algum movimento. São passadas pelo executivo camarário notícias de decisões sem nexo nem estudo prévio, como são os casos da Casa Mortuária e da mudança da Rodoviária para a ex-EPC.

Este é um executivo sem plano, sem brio e sem obra. Que deixa os jardins parecerem matagais. Que não defende ativamente projetos estruturantes para a região (Projeto Tejo ou o novo traçado do caminho de ferro). Que deixa fechada uma estrada de acesso principal à cidade, durante cinco anos (EN 114). Que trabalha em função dos votos que pode colher, principalmente nas freguesias rurais e esquece os grandes problemas da urbe. Que não consegue captar novos investimentos, nem cria novos espaços de acolhimento empresarial. Que não aproveita o potencial turístico da cidade. Que trata os munícipes com prepotência e desrespeito.

Sem dúvida que temos um Presidente que vai ficar para a história do Concelho.

Pelas piores razões.

Armando Leal Rosa

1 comentário

  1. Neste rol de “vergonhas” muito bem elencadas, acrescentaria o entendimento que o executivo tem do espaço público e do interesse municipal, como a amputação de um Jardim Público no centro da cidade, cedendo ao populismo futebolístico /eleitoral, comprometendo por várias gerações,… o que deveria ser de Todos.
    Seguindo ao sabor das circunstâncias, o Executivo revela-se casuístico, não se conhecendo qualquer planeamento estruturante para a Cidade no mesmo período (30 anos), neste desbaratar do interesse municipal a favor de interesses identitários.

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