Temos vindo a assistir a um “braço de ferro” inédito entre a ANTRAM e os motoristas de matérias perigosas, mas arrisco a dizer que além de “por baixo da mesa” é ilusório: a intolerância da associação patronal, ANTRAM é acima de tudo contra o governo!
Alguém acha que a reivindicação de 900 euros em 2022 para pessoas que executam tarefas de elevada responsabilidade é muito? E sobrecarregados com horários de 12 e 14 horas por dia?
O sindicato, com raízes em Aveiras de Cima, parece ter recuado agora. Segundo o seu porta-voz a nova proposta é de um “aumento gradual do salário-base até aos 1000 euros em 2025, com a indexação ao crescimento do salário mínimo nacional, possibilitando um prazo mais dilatado, para que as empresas possam cumprir com aquilo que foi estabelecido no Contrato Coletivo de Trabalho (CCT), para que haja a paz social que o país necessita”.
O impasse mantem-se e tem sido criado um clima de alarme social. Nesse clima de alarme social, vários protagonistas alertam para a falta de medicamentos, o esvaziamento das prateleiras dos supermercados, a paralisação de matadouros, o não transporte e transformação de tomate, a falta de combustíveis para carros, autocarros e aviões, etc, etc…
Esse clima de alarme e “caos social” tem raiz na intolerância da associação patronal e visam objetivos:
- Manter os salários dos camionistas baseados em valores variáveis que os obrigam a jornadas de trabalho em dobro e à subjugação financeira através de prémios e ajudas de custo com fuga aos impostos;
- A pressão para alterar a lei da greve face à impossibilidade de revisão da constituição;
- Pressionar o próprio governo a violar a lei da greve, violando os serviços mínimos, substituindo os grevistas pelas Forças Armadas ou GNR;
- Os eleitorais favoráveis ao PSD e ao desgaste do governo;
- Visa ainda camuflar o escândalo do enriquecimento desmesurado de uma burguesia que parasita os salários dos trabalhadores. Os donos dos hipermercados têm dificuldades em pagar mais 5% pelo aumento dos custos salariais nas empresas de transportes, ou as fábricas de medicamentos, ou as de transformação de tomate? Os detentores das maiores fortunas deste país têm dificuldade em “perder” uma mísera verba para compensar devidamente quem lhe garante o funcionamento do negócio?
As fake news continuam a forma de jogo obscuro [apetecia-me qualificar com adjetivos mais contundentes] para manipular a consciências das pessoas.
Esperemos que o comum cidadão se coloque no lugar de um motorista que transporta uma “bomba” às costas!
Que os direitos de quem trabalha sejam respeitados!
Vítor Franco