Quarta-feira, Outubro 4, 2023
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A greve

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A greve tão badalada por todos os sinos das igrejas partidárias, sindicais e sociais deste reino republicano é a anunciada a torto e a direito através das televisões e esventrada nas análises de variados sons e tons, por um Sindicato pequeno no número de associados, enorme nos efeitos no caso de decretar uma greve. E, o Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas levou a efeito uma na Páscoa que manietou o País e anunciou outra a principiar no dia 12 de Agosto e a terminar quando as suas reivindicações forem aceites.

Os efeitos da greve desencadeada na Páscoa foram devastadores à esquerda ( dado o Sindicato corporativo não estar filiado em nenhuma central sindical) e à direita em virtude de as empresas ficarem enredadas na surpresa e na constatação da impotência numa resposta célere e atilada na minimização do impacto no funcionamento dos centros vitais do País, entenda-se: aeroporto de Lisboa, hospitais, escolas, indústrias e por aí fora até ao governo nas suas várias ramificações. O vendaval grevista atingiu tais proporções que o trombeteado anúncio de nova greve alarmou e alarma toda a sociedade no seu conjunto e os decisores políticos em particular. Ninguém está indiferente mesmo os calaceiros indiferentes dado necessitarem de combustível a fim de passearem a indiferença.

A ambiguidade campeia, a erguer o estandarte o Presidente da República, a levar as borlas do pendão leva-as o governo, comentadores e papagaios engrossam a procissão. Todos defendem o sagrado direito ao exercício da greve, todos batem no peito salmodiando preces em honra da greve como se tivessem estado no célebre congresso sindical de Amiens, no entanto, relativamente à apregoada greve colocam travões sofísticos longe do cartesiano enunciado – penso, logo existo –, ora eu pura e simplesmente repudio esta greve não por calamento partidário, sim porque o Sindicato queimou todas as etapas da negociação, porque me aborrece o estilo – quero posso e mando – do Dr. Pardal Henriques, advogado vice-presidente teórico desse sindicato, na prática seu capataz, porque as greves selvagens deixam m cicatrizes nas faces de inocentes sem culpa alguma. Analisando o arrazoado de Pardal Henriques a sua jactância por si só enfurece o eremita mais paciente, não me alimentando de ervas e raízes secas, obrigado a recorrer ao automóvel se quero deslocar-me, desprovido de celeiro e frigorífico gigante, frequentador de consultórios médicos e às vezes hospitais penso nos meus concidadãos pensando em mim, por isso Vade Retro greve asfixiante.

Armando Fernandes

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Armando Fernandes
Armando Fernandes
Licenciado em História pela Universidade Clássica de Lisboa, concluiu o Curso Superior de Bibliotecário-Arquivista na Universidade de Coimbra e é Mestre em Estudos Portugueses pela Universidade Nova de Lisboa. Investigador na área da História da Alimentação, Costumes e Usanças Alimentares e consultor cultural. Desenvolve atividade no domínio das indústrias culturais e criativas, tem diversas obras publicadas: Memórias da Ilha de Santa Maria, Lampreia manjar esquisito, Ágape Banquete Ritualístico Maçónico, A Alça ao Tiracolo.
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