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Santarém não é para velhos

No ano passado por esta altura, na minha crónica regular que mantinha no extinto semanário “O Ribatejo” fui bem claro a afirmar que o “In Santarém” era o melhor que acontecia no Concelho, dando os parabéns aos seus mentores. Continuo com a mesma opinião e esperam os munícipes que este conjunto de eventos se vá aprimorando ano a ano e que se vá estendendo por mais meses do ano e não só durante o Verão.

Contudo, o abandono e a pouca frequência do centro histórico (CH) de Santarém, não pode ser mitigado nem branquiado com estes eventos que, efémeros que são, não resolvem nem minimizam esse problema que é um dos assuntos mais frequentemente falados por todos os que se preocupam com o estado da coisa. Não há pessoas no CH.

Estes eventos artísticos/musicais muito participados e que enchem uma ou duas ruas dessa cidade velha são bem-vindos e ainda bem que, durante dois ou três dias no ano, a cidade fica cheia de gente. Ele são estátuas vivas, malabaristas, músicos e grupos que animam e fazem as delícias de quem os vê. Nas redes sociais, a alegria é tanta, os laudos são tantos e o êxito desses eventos é de tal forma amplificado, que a nossa Câmara é colocada nos píncaros da excelência e os seus críticos são então demonizados: “Estão a ver do que a nossa Câmara é capaz? Ora tomem e embrulhem, vocês que só dizem mal.”

Gostava de ver esses malabaristas e outros artistas de rua a exibirem-se em certas ruas da cidade. Por exemplo na Rua João Afonso. Aquela por onde passam milhares de turistas que, desesperadamente e com a “ajuda divina”, se vão desviando dos carros, dos buracos e das tampas dos esgotos que se lhes atravessam à frente, no caminho entre o autocarro e a Igreja do Milagre.

Um sádico que procure divertimento, bastaria sentar-se nas escadas do Teatro Sá da Bandeira e não era preciso esperar muito para ver uns tropeções e uma ou outra queda mais ou menos aparatosa de um idoso ou de alguém mais jovem e mais desacautelado. Uma queda daquelas que diariamente acontecem no CH.

Uma cidade que queira manter o seu centro vivo e com pessoas a circular, não pode ter os arruamentos naquele estado. O piso das ruas do CH mais parece da Idade Média ou pior. Os idosos (conheço alguns) não vão ao centro da cidade. Recusam-se a caminhar por aquelas ruas de paralelepípedos desnivelados e sem passeios ou escapatórias de piso regular. É uma aventura para qualquer pessoa, muito mais para quem já não tem as pernas, ou a vista em estado jovem… E as senhoras com saltos partidos?

Para uma Câmara que diz preocupar-se com a ocupação do CH, não seria de pensar em alterar essa situação? Não custa ver o que já foi feito noutras cidades históricas. Por exemplo, bastava criar uma faixa central em laje ou outro material, de modo a permitir uma caminhada segura aos peões e, se possível, regularizar o restante piso. Custa dinheiro? Mas para que servem os impostos pagos por todos? Para pagar festas?

Manuel Rezinga

mrezinga@gmail.com

18 de agosto de 2019

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