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Novas exposições no centro histórico de Santarém – Os chimpanzés de João Ferreira e o Zoo de Rafael Pessoa

Há duas novas exposições de arte para visitar no centro histórico da cidade, no âmbito do projeto municipal Santarém Cultura, In. Santarém 2019 – Festival de Artes e Cultura. Inauguradas na noite de 19 de agosto, trata-se da segunda fase do projeto ‘Galerias com Arte’, iniciativa que pretende dar vida a lojas vazias e devolutas onde são instaladas mostras temporárias, neste caso, localizadas na Rua Serpa Pinto.

Cristina Casanova, vereadora do Município de Santarém, considerou que as exposições agora abertas ao público, e patentes até ao dia 13 de setembro, “são uma mais-valia para a cidade de Santarém”, e que deverão constituir o “maior sucesso” para os artistas participantes.

As exposições podem ser visitados de segunda a sexta-feira, das 10h às13h, e das 15h às 18h. Aos sábados estão abertas ao público apenas durante a parte da manhã, entre as 10h00 e as 13h00.

Rafael Pessoa Antunes leva-nos ao Zoo

No n.º 91, da Rua Serpa Pinto, encontra-se em exposição o projeto de Rafael Pessoa Antunes, com o nome de ‘The Zookeeper – O Tratador do ZOO’. Para o artista, esta mostra “é o mapeamento de várias situações de dinâmica social e artística, e opera sobre o conceito de identidade e a forma como a transportamos para o universo pictórico”, explica. “A exposição tem a sua globalidade”, mas “poderíamos falar de cada obra isoladamente, porque no fundo isto é uma construção que se vai fazendo, que se vai aprimorando”, acrescenta.

“Em certa medida, o Zookeeper tem vários conceitos inerentes, uns mais, atuais, outros mais generalistas, mas opera sempre no fundo com a questão do que é a nossa identidade explorada dentro e no espaço da pintura. A exposição “conta com diversas instalações, com uma demarcação definida de território, com uma reflexão sobre os objetos do quotidiano e a forma como a mudança e a descontextualização desse objetos pode influenciar a forma como olhamos para a própria natureza”, diz ainda. Assente “em vários alicerces”, e “estruturada tendo por base conceitos darwinistas, em que se fala da ideia de predação, uma ideia que 20 anos mais tarde Charles Darwin foi resolver”, tendo resultado numa “ideia da evolução sexual das espécies e não da evolução por meio da predação, da origem das espécies como era primeiramente encarada”, alega.

Acima de tudo, conclui Rafael Antunes, “trabalho com conceitos ligados á própria existência humana”, sendo “ uma reflexão sobre essa categorização e alberga aqui – não digo um pouco a historia, mas num sentido antropológico de reconstruir objetos e descontextualizar objetos para com isso procurar construir uma narrativa, uma história”.

Rafael Pessoa Antunes possui uma licenciatura em Artes Visuais, na variante de multimédia, obtida na Universidade de Évora, tendo posteriormente alcançado um mestrado de pintura na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Colaborou em diversas exposições coletivas e individuais em Évora, Santarém ou Salvaterra de Magos. Destaca ainda a participação numa mostra realizada no MUDE, o Museu da Moda e Design de Lisboa.

Os chimpanzés de João Maria ferreira

Não muito longe, pode ser visitada uma segunda exposição, ‘Astrochimp92’, com obras de João Maria Ferreira, patente no n.º 60, da mesma Rua Serpa Pinto. Aqui, o artista explica que “os visitantes podem encontrar pinturas, algumas esculturas, todas elas relacionadas com a temática do Ham, o primeiro chimpanzé a ir ao espaço através da NASA”. A ideia, “ foi tentar basear esse conceito, e, a partir daí criar uma narrativa que prefiro deixar ao critério do público, digamos assim, para depois o decifrar”, clarifica.

Embora a figura de chimpanzé seja recorrente na obra de João Maria Ferreira, o próprio criador confessa que “não tenho uma razão e uma resposta concreta que possa dizer de imediato, é uma obsessão que tenho desde há algum tempo”. Talvez, continua, “por serem também muito parecidos com os humanos”, e “por serem aquele animal mais próximo de nós”.

A mostra apresenta “uma maioria de trabalhos que já estavam realizados”, sendo que “o mais complicado foi tentar encontrar uma coerência para a exposição”, embora “nesse ponto contei com alguma ajuda”, o que “acabou por facilitar depois na conceção do plano a aplicar na sala” de exposição, esclarece ainda o artista.

João Maria Ferreira é licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, onde também obteve um mestrado em Desenho. Ao abrigo do programa Erasmus, passou seis meses em Itália, onde frequentou a Accademia di Belle Arti di Bologna. Frequenta atualmente o terceiro ano do Mestrado Integrado em Psicologia, no ISPA, Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em Lisboa

Até à data já expôs trabalhos individualmente em Tomar, Lisboa, ou Santarém; tendo ainda participado em mostras coletivas nas mesmas cidades, bem como no Estoril ou Caldas da Rainha. Em termos de prémios e menções honrosas, o artista foi distinguido no concurso de Artes Plásticas do Inatel, nos festivais de banda desenhada da Amadora e Odemira, ou ainda na bienal de arte de Coruche.

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SINOPSES DAS EXPOSIÇÕES: ‘Galerias com Arte’

Rafael Pessoa Antunes
The Zookeeper | o Tratador do ZOO
Uma exposição que se constrói na reflexão pictórica sobre a condição humana, arte e tecnologia. O artista recupera processos analógicos e manuais confrontando-os com dispositivos e técnicas de produção e reprodução digitais. Sustentada na desconstrução de teorias Darwinianas, conduzidas na base de conceitos antropológicos de autores como George Bataille e Alain Badiou, balizados no pensar contemporâneo da tecnologia de Paul Virilio. A exposição opera pelo mapeamento antropológico, social, onde “eu trabalho” e o “eu politico” se prestam confrontados com a primordialidade do instinto que opera agregado a resoluções digitais. Neste momento questiona-se! Qual a entidade que assiste voyeurista? Quem controla o Zoo da vida? Quem é o Zookeeper?

João Maria Ferreira
“Astrochimp92”

Projecto de intervenção multidisciplinar tendo por base a figura do chimpanzé Ham (1957 – 1983), o primeiro hominídeo lançado no espaço sideral, em 1961.
Através da pintura, escultura, desenho e instalação, que de forma simbiótica irão entranhar-se no espaço físico da galeria, iremos aventurar-nos no inconsciente deste herói espacial e explorar tudo aquilo que o mesmo sentiu aquando do seu singular voo de 16 minutos e 39 segundos.


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