Goste-se ou não, Vasco Pulido Valente é uma personalidade cujos comentários ou apreciações são de leitura obrigatória, isso mesmo, para todos quantos acompanham a vida política e social portuguesa e a barafunda em curso na Grã-Bretanha. Sim, tem mau feitio, é irónico, produz sarcasmos violentos até cruentos, lembro a picareta falante de Guterres, e o tratamento concedido a João Soares, no entanto, insisto, VPV é tão necessário à análise do devir político com o sal mesmo salgando o estufado.
Indiferente a críticas, não tão indiferente, Henrique Raposo (Expresso) que o diga, responde só a quem respeita, no mais segue o preceituado pelo do arguto ensaísta Álvaro Salema, não se responde, não se responde. Nos ácidos comentários ataca os poderosos e influentes sem receio de retaliações na justa medida de ser independente, avesso a fundamentalismos e ao emergente fascismo dietético, nutricional e corpo esbelto no Inverno da vida.
O historiador emérito, o excelente cronista, é autor de obra funda, perene e sustentada que podemos ler em o Tempo e o Modo, a revista foi editada pela Gulbenkian num tomo, os afortunados que possuam o Almanaque descobrem a faceta epicurista deste acerado observador do País das Maravilhas, o qual sem jactâncias e vaidades espúrias “raramente se engana ou tem dúvidas” parafraseando um Senhor zurzido a tempo e horas por Vasco.
Tenho assistido aos debates, deixam-me referências vácuo, sendo assim e para mim é, tenho de lhe conceder carros de razões quando ele nos avisa acerca da inércia e falta de preparação dos candidatos, o do PAN mete medo ao susto, todos revelam frementes sinais de fraca cultura sobre o nosso passado recente, quanto mais longínquo, porque estes catadores e caçadores de votos estão integrados no movimento do parecer e não o ser, daí nunca terem lido a Arte de Ser Português ou as crónicas de Fernão Lopes. Ora, Pulido Valente não perdoa a iliteracia e incultura reinantes no circuito dos frequentadores dos Passos Perdidos e adjacências. Assim continue para consolo de adeptos do saber a causa das coisas, no dizer do exímio jornalista que foi Victor Cunha Rego.
Armando Fernandes