Estamos no Outono. O Verão passou. Aproximamo-nos do Inverno.
Para o tempo quente são desenhados planos de contingência, com definição de locais de abrigo para o caso de ocorrerem temperaturas extremas. Os serviços de saúde estão entre os locais de abrigo.
O mesmo acontece no Inverno.
É curioso, contudo, quando, nesses planos, se colocam centros de saúde que não têm climatização: fornos de Verão; frigoríficos de Inverno. É a realidade que utentes e profissionais enfrentam em muitos locais do distrito de Santarém (e pelo País fora, certamente). A capacidade de reparação ou instalação de equipamentos, de modernização de edifícios, é muito lenta ou inexistente.
Mas tudo corre sobre patins, porque, por escrito, os planos existem e estão bem feitos; apenas não existem na realidade. O que na realidade existe é uma população forte e que resiste. Como dizia uma habitante de Coruche, quando os termómetros lá batiam os 47º C: “sempre fez calor. Estamos habituados”.
Que o hábito não signifique acomodação. Porque a acomodação leva ao perpetuar. Ao perpetuar da degradação dos centros de saúde. Ao perpetuar dos maus cheiros em Alcanena. Ao perpetuar da poluição do Tejo e seus afluentes.
São apenas alguns exemplos de problemas que ouvimos ocorrer, uns constantemente, outros sazonalmente.
Todo este processo deixa-nos a pensar e a questionar.
Para quando o plano de contingência contra o desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde?
Ou o plano de contingência para o salvamento dos rios? E do património?
Em súmula… para quando o plano de contingência contra a inércia?
André Arraia Gomes