Quinta-feira, Abril 25, 2024
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Chega para lá esse braço de Ferro…

Não tenho qualquer apreço, muito menos simpatia por quem defende ideias radicais, racistas, xenófobas e quejandas. Por isso, também não posso apoiar nem me atraem políticos ou partidos políticos com essas marcas, como Donald Trump, ou, pior ainda, Jair Bolsonaro, Le Pen pai e Le Pen filha, ou partidos como o Vox ou, em Portugal, o recente Chega.

E foi mesmo por este último, o partido de André Ventura, que aqui hoje venho com este assunto.

A eleição de um deputado do Chega e este partido passar a ser nas últimas eleições a 7.ª força política num universo de 21 partidos concorrentes, ainda que só com 1,3% dos votos, mas com mais de 60.000 votos, preocupa-me, por poder ser um indício de nos estarmos a aproximar da Europa e não só, nessa onda da “moda” de partidos da extrema direita. Agora tem subvenção e assim mais meios de promoção…

Mas André Ventura foi eleito e, também por isso, tem de ser institucionalmente tratado como os outros 229 deputados, mais ainda pelo Presidente da Assembleia da República. E se ele usou e reusou, agora e noutras alturas, as palavras “vergonha” e “vergonhoso” no Plenário e foi repreendido, também a deputada Joana Mortágua, que a seguir, no mesmo dia e sobre o mesmo tema, aplicou também a palavra “vergonha”, o deveria ter sido.

Mas o maior problema e o mais triste é ele até ter razão – realmente as medidas que o Parlamento aprova são muitas vezes uma vergonha. E o que lá se passa e o modo como se passa também o são. Atente-se na forma como quase todos os Grupos Parlamenteares e deputados se têm defendido a eles próprios e às suas regalias e direitos de privilégio, na forma como advogados deputados atendem de manhã os seus grandes clientes e à tarde estão no Parlamento a criar leis à medida dos interesses dos mesmos, e ainda na forma incivilizada como os deputados e até governantes se tratam mutuamente publicamente, sem se darem minimamente ao respeito e dando um péssimo exemplo à sociedade que os elegeu.

E é nisto que quero pôr hoje a tónica. Não vou discutir se Ferro Rodrigues, pelo seu passado e postura, tem autoridade moral ou não para fazer aqueles reparos, nem relevar muito esta situação em particular. Interessa-me sim o problema em si.

O Presidente da Assembleia da República estaria até cheio de razão se os eleitos do Parlamento tivessem no seu geral uma postura digna, civilizada e íntegra, se fizessem daquele espaço uma verdadeira Casa da Democracia, como se lhe costuma chamar. Mas não, não é essa a prática corrente por lá…

Também quando há uns bons pares de anos atrás comecei a frequentar a nossa Assembleia Municipal de Santarém, ainda como público, o clima gerado (quase somente por dois ou três na altura deputados, é bem certo) era semelhante. Parecia que se queria trazer para a escala local os defeitos e erros do que se passava e passa à escala nacional. E com isso conseguia-se minar, acho que é o termo apropriado, as sessões e retirar-lhes a eficiência que devem ter dentro do que a lei permite. Felizmente que neste aspeto as coisas são agora por cá bem diferentes.

Estas quezílias só servem para promover o Chega e dar-lhe força e adeptos, como é obviamente intenção de André Ventura, até porque nós, portugueses e não só, temos muito tendência para defender os “coitadinhos” e mais ainda os que disso se fazem. E, viram? Foi também o que eu aqui acabei por fazer…

Francisco Mendes

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