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PS de Abrantes – O mea culpa

Por vezes, impelidos pelo instinto primário de nos superiorizarmos aos nossos adversários, movidos pela antevisão de uma vitória instantânea, submetidos ao ditame da adrenalina, agimos sem ponderação e cometemos erros baptizáveis com o sobrenome daquele que levou uma coça dos Partos. Sim, o senhor Marco Licínio Crasso.

Faço este intróito para evocar uma situação caricata que ocorreu na última sessão da Assembleia Municipal de Abrantes, realizada no passado dia 06 de Dezembro de 2019.

Depois de eu apresentar uma proposta do PSD local, que tinha por objectivo recomendar a criação de uma estrutura organizacional camarária ou o aproveitamento das já existentes no intuito de promover uma aproximação do poder autárquico aos jovens que, para frequentar o Ensino Superior ou trabalhar, deixam o Concelho – procurando, em vista disso, facilitar o eventual retorno destes à terra que os viu nascer e/ou crescer –, fui interpelado pelos eleitos do Partido Socialista com uma menção que se celebrizou no ecossistema político: o poucochinho.

Na verdade, liderados pelo fervor descuidado do Senhor Presidente da Junta da União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede, Bruno Tomás, afirmaram que não chegavam gabinetes ou departamentos, porque ninguém regressaria sem emprego e, atento o ensejo, aproveitaram para defender as medidas que ali foram aprovadas.

Quem entendeu a proposta de recomendação, percebe, de imediato, que se tratava de uma iniciativa complementar de contacto com a juventude em êxodo, fornecendo informação, veiculando ofertas de trabalho e de habitação, entre outros interesses, adaptadas às necessidades das pessoas, e abeirando os tecidos institucionais, empresariais e associativos dos filhos de Abrantes.

Naturalmente, nada disto funcionará se não houver actividade económica e social que permita a concretização dos objectivos da aludida estrutura.

O curioso — que entronca no que é referido no parágrafo proemial deste artigo — jaz no facto de que, ao reconhecerem que os jovens não evidenciam grande ânimo para voltarem ao solo abrantino e aí reencontrarem as suas raízes, estão a concordar que o Município, enquanto comunidade, não dá resposta suficiente para a materialização desse desiderato. Falta-lhe a tal dinâmica económico-social que gera emprego e condições salutares de vida.

Este medular assumir de carência, por seu turno, transforma-se num mea culpa, “bradado” em surdina, tendo em conta que o Partido Socialista nos governa, neste território de 714,7 Km2, e apenas com um breve interregno de 4 anos, desde os primórdios do poder autárquico democrático.

Que enorme tropeção!

João Salvador Fernandes

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