Sexta-feira, Abril 19, 2024
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A (in)experiência política nas redes sociais

Que as redes sociais têm de bom e têm de mau, já todos sabemos. Têm de bom o podermos, todos sem exceção e sem grandes limitações, expor as nossas ideias, divulgar o que fazemos, os eventos que promovemos, etc. que de outra maneira teríamos, no geral, muita dificuldade em fazer passar para um número alargado de pessoas.

E com este “todos” refiro-me a pessoas, mas também a grupos, a associações e a um outro sem número de instituições. Têm de mau o mau uso que muitas vezes se faz delas.

No Facebook e outras redes não enfrentamos os outros, não os vemos olhos nos olhos, e podemos reagir na hora, ficando assim muito mais fácil o insulto, o exagero, o escrever sem pensar.

A magnífica possibilidade de se poder fazer conversa, de se responder num post ao que os outros opinaram, leva também a que se entre num esquema de “dizes tu, direi eu” que normalmente leva a desfechos não dignificantes para ninguém, algumas vezes enfatizados por interpretações do que cada um diz diferentes do que quis dizer, seja por deficiência de escrita, seja porque a linguagem escrita não tem expressão, e assim não tem emoção, e uma mesma frase pode ser interpretada de diferentes formas. Isto apesar de os emojis facilitarem alguma coisa.

Que os políticos, mesmo os do topo da hierarquia em cada meio, usem então também as redes sociais para divulgar versões mais próprias, mais incisivas e mais pessoais do pouco ou muito que vão fazendo, parece-me legítimo ou pelo menos aceitável.

As oposições também o fazem, apesar de com mais motivos pois muitas vezes têm pouco eco nos órgãos de comunicação social nacionais ou locais, conforme o caso.

Trump fá-lo imenso no Twitter, e certamente não da forma mais correta, e até Cavaco Silva quando era Presidente da República o usava como meio privilegiado de comunicação.

O que eu não consigo entender, é como é que gente experiente na governação e na política, muitas vezes já com muitos anos daquilo, entra nesse nível baixo de discussão e insulto. Pensam que assim ganham simpatias e votos como consequência?!

Talvez ganhem alguns de gente muito em particular, mas perdem certamente mais, dos de bom senso e que pensam com a própria cabeça, que ainda espero que constituam maioria. Ou a motivação da resposta será mesmo só porque também não conseguem resistir ao impulso e a uma resposta mais brejeira, ao nível do “chinelo”?!

Também não me parece bonito que se industrie terceiros (a troco sabe-se lá de quê, ou talvez até se saiba) para fazerem de “advogado de defesa” ou “guarda-costas” – é difícil de disfarçar e soa a falso.

E, para que não fiquem dúvidas, não defendo, não apoio, nem me parece nem de perto a forma mais correta de intervir, criar e usar perfis falsos ou anónimos.

Outra postura oposta, que pela sua passividade não tem nada de construtivo, é a daqueles que, tendo conhecimentos, capacidades, opiniões e ideias que poderiam ser bem úteis para os seus concidadãos e para a sociedade onde vivem, vão lendo e estando a par de quase tudo o que por estas redes se passa, mas não se manifestam e nada publicam.

Sim, sei que “quem se mexe muito, não fica na fotografia” e que não é certamente compensador enfrentar e discordar de quem manda, mas não podemos nunca esquecer que a ausência de confronto e de oposição faz crescer ditadores e ditadorzinhos.

Francisco Mendes

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