O Covid-19 é o novo fator de crise que assusta o mundo. Outros vinham-se a manifestar:
– A crise ambiental já tinha gerado milhões de refugiados por catástrofes ambientais, fogos incontroláveis em vários países, degelos e inundações sem precedentes, subida do nível da água do mar e da sua acidificação e temperatura, problemas respiratórios em milhões de pessoas, poluição dos rios…
– A guerra e a fome expulsaram outros milhões de pessoas obrigando-as a tornarem-se refugiadas, pessoas escorraçadas de país para país, dezenas de milhares de mortos em naufrágios no Mediterrâneo…
– Regimes políticos republicanos a soçobrar perante ilusões ditatoriais, a escolha da violência de Estado em substituição da democracia e do diálogo, o ódio em desfavor da solidariedade…
– Monarquias, de azul apodrecidas, como em Espanha, em que o “sangue real” beneficia de desmesurados benefícios financeiros, azul de corrupção com inimputabilidade real, amantes de luxo e milhões de euros desertores em negócios de offshore…
Há conclusões que já se podem tirar da pandemia de Covid-19:
– Um Serviço Nacional de Saúde Público bom é essencial à democracia e determinante para a vida humana.
– É a solidariedade que ganha as batalhas e a entreajuda que encontra as saídas, não o egoísmo, a competição, nós contra eles, os de dentro contra os de fora. O vírus mostrou não respeitar limites territoriais.
Há lições do passado que nos devem fazer refletir:
– Quando em 2015, o governo PSD/CDS pretendeu encerrar o Laboratório Militar isso significaria eliminar o único recurso de produção de medicamentos, vacinas (…) que o Estado possuía. Ainda bem que não o conseguiu!
– Quando sucessivos governos cortaram verbas e condições à saúde pública para obrigar as pessoas a recorrerem ao negócio privado e causaram falta de médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar, [para não dizer como se percebe agora] ventiladores, máscaras… Fizeram mal!
Apontamentos para o futuro:
– Imensa valorização do sector público, salarial, social, material, eficácia, retorno de qualidade a quem dele precisa.
– Reforço do papel do Estado e nacional na produção de bens essenciais nomeadamente no que à saúde, aos transportes, à energia e ao meio ambiente diz respeito.
– Uma Europa solidária, cujo fio-de-prumo seja o bem comum e os serviços públicos, não os défices e os financiamentos de clientelas corruptas, capacitada de uma boa resposta na proteção civil.
Poder-se-á perguntar: a globalização capitalista está em crise?
Vítor Franco