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Um anormal regresso à normalidade…

Os que me são próximos (quer familiares, quer amigos) sabem bem a volta que a minha vida deu com a crise de 2008 e anos seguintes, e que tem tido repercussões até hoje. Os que não são tão próximos, mas que contactam há mais anos comigo, também o perceberam faz tempo. Só há um ou dois anos é que comecei a conseguir orientar a minha vida financeiramente, mas muito aos poucos. Fui um entre muitos, mas não a generalidade.

Agora, com esta pandemia voltará tudo à estaca zero, para ser otimista. Só que a coisa agora é mais geral, é para todos.

Estou por essa minha vivência muito à vontade para questionar se não será cedo demais para fazer o desconfinamento e aliviar as medidas de contenção. Aparentemente só tenho e muito a perder com a sua manutenção e muito já perdi de certeza. Quase todos já o estamos a sentir e queremos muito que tudo volte ao que chamamos normalidade. Mas não será pior se o fizermos antes de tempo e as infeções e mortes voltarem a aumentar exponencialmente pelo contacto, pela proximidade, tal como já aconteceu em Singapura e noutros locais?! É que uma gripe mal curada pode dar em pneumonia…

Não obstante, sei, por maioria de razões, como expliquei, que é de extrema dificuldade contrabalançar a defesa da saúde de todos com o descalabro económico que esta situação mais prolongada ainda mais constituirá. Não queria ter de estar na pele dos nossos governantes e ter de tomar estas decisões.

É verdade que países como a França e até a Espanha ou a Itália, muito mais fustigados do que nós, o estão a fazer e de forma por vezes mais aberta. Claro que o fazem porque os Governos se sentem pressionados pela população que, como cá, já não sabe como viver. E fazem-no também pensando no que medidas mais restritivas continuadas poderão afetar os seus resultados eleitorais próximos futuros.

Mas, parece estar provado que, neste campo (para não fugir muito ao tema), os países ocidentais ditos de mais desenvolvidos, não têm sido exemplo para ninguém, pelo contrário.

Que agora, nós que temos conseguido manter a situação menos dramática – muito por mérito do exemplar comportamento de todos nós, mas muito também pela ação de muitos dos que nos governam a nível central e a nível local, – não tomemos importantes decisões precipitadamente a reboque dos “grandes” da Europa (já que ninguém de mínimo juízo poderá tomar como exemplo o presidente dos EUA).

Tenho muito receio (creio que fundamentado) que, ao querermos compensar o mais rapidamente possível o que já perdemos, acabemos por ficar sem nada…

Francisco Mendes

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