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Santarém e o pós Covid 19 – Parte l: As premissas

Passados mais de dois meses do início da quarentena provocada pela pandemia do coronavírus, todos ansiamos por voltar à vida normal. Mas como será o “voltar ao normal”? Voltaremos à realidade que conhecíamos ou teremos uma vida diferente? São muitas dúvidas sobre o que vem pela frente e quando isso vai acontecer.

O sofrimento, tanto das pessoas como das empresas, tem sido grande. Setores inteiros, como o aéreo e o turismo, praticamente encerraram e terão que se reinventar, como a generalidade das indústrias. As empresas terão que se preparar e muitas irão mudar radicalmente alguns dos seus anteriores processos e o relacionamento com os seus trabalhadores.

Uma recente pesquisa foi feita na China, primeiro epicentro da pandemia, para tentar compreender o que mudou após a crise. O levantamento realizado entre 28 de fevereiro e 3 de abril ouviu 150 executivos com o objetivo de olhar para o fenómeno e tentar descobrir como as pessoas e as empresas se vão comportar a partir do desconfinamento.

Os novos escritórios e o “home office”.

O resultado mostrou que a maioria, 77% dos entrevistados, já trabalha em planos para a recuperação que incluem o uso maior das tecnologias inovadoras que se mostraram essenciais durante a pandemia. Para além do e-commerce e do sistema de delivery, o home office também veio para ficar, já que muitas empresas perceberam que podem economizar com isso e começam a redirecionar os seus interesses estratégicos no que toca à relação com os seus trabalhadores e aos investimentos nos seus escritórios.

Com o isolamento, muitos empregados começam a rever as suas prioridades e a aceitar facilmente as alterações propostas pelos patrões, no que toca à alternativa do teletrabalho. A convivência maior com os filhos e a família, sem perder tempo com transportes e podendo organizar-se para trabalhar sem a rigidez de horários, são fortes razões para aceitar as mudanças.

Ganham as empresas e o ambiente.

As empresas, no entanto, terão outros benefícios que as poderão fazer enveredar pelas soluções digitais e tecnologicamente avançadas, substituindo os escritórios tradicionais por espaços adequados às novas formas de trabalho. Para além da redução de gastos com água, luz, transporte e alimentação dos funcionários, os novos escritórios não irão ter postos de trabalho exclusivos, isto é, não haverá uma secretária para cada trabalhador, sendo cada mesa de trabalho, partilhada por vários empregados, aqueles que nesse dia estiverem fisicamente na empresa. Não existirão desktops no escritório, pois cada funcionário será munido de laptop que será a sua ferramenta de trabalho em casa ou na empresa.

Com o bom desempenho dos trabalhadores durante a crise, as empresas estão a compreender que devem manter o trabalho remoto, pelo menos, por alguns dias da semana. Ou seja, o revezamento de trabalhadores nos escritórios será maior e exigirá menos mesas nos espaços e menos espaço útil nos escritórios.

Uma recente pesquisa feita pela Global Workplace Analytics, chegou à conclusão que, entre 80% a 90% das pessoas empregadas nos EUA diz que gostaria de trabalhar de casa, pelo menos parcialmente. O mesmo estudo sugere que, caso todas as pessoas dispostas a fazê-lo passassem a trabalhar em casa nos Estados Unidos, isso poderia resultar numa economia de 700 mil milhões de dólares por ano para as empresas e seus funcionários, enquanto a economia global na emissão de gases de efeito estufa seria equivalente ao que é produzido anualmente por todos os trabalhadores do estado de Nova Iorque juntos.

A nível local, também muita coisa poderá mudar.

Estas tendências que aqui referi e que são premunições baseadas em premissas fortes com origem em estudos e pesquisas idóneas e também aceites pelo senso comum, terão que ser levadas em conta na projeção das futuras vivências, tanto nas grandes metrópoles como nas pequenas cidades periféricas.

Será a altura de haver uma visão alargada e moderna das gestões autárquicas, de modo a serem criadas condições que acolham as mudanças que aí veem.

Da próxima vez que aqui vier (Parte ll), abordarei o caso de Santarém e de como seria bom que o Município se projetasse para poder aproveitar as oportunidades que o “novo normal” certamente irá proporcionar à cidade e ao concelho.

Armando Rosa

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