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A Guerra Começou e Agora?

Vivemos o Século XX sob as memórias das duas grandes Guerras. Conseguimos passar, mais ou menos impunes, os tempos de Guerra Fria. Entrámos no Século XXI cheios de esperança, mas com o pavor dos ataques jihadistas no Ocidente e as tensões constantes entre os Estados Unidos, a Coreia do Norte, o Irão e a Rússia, o que tem colocado no horizonte a ameaça de uma terceira Guerra Mundial.

De repente, descobrimos que a verdadeira guerra estava nas coisas mais simples das nossa vidas, estava naquilo que comemos, nos costumes que nos esforçamos por preservar. A ser verdade o que nos tem sido vendido, o surto do novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19, surgiu devido à tradição chinesa de vender nos mercados animais selvagens, lado a lado com outros alimentos. Sendo esta uma tradição chinesa muito importante, por estar ligada à medicina tradicional chinesa que tem um peso muito relevante na economia deste país, mesmo com legislação contrária, parece muito difícil controlar este tipo de práticas.

Este vírus cresceu e multiplicou-se por todo o Planeta. Vimos hospitais em rutura total, profissionais de saúde desesperados e recintos desportivos transformados em morgues. Como em tempo de guerra e de escassez de recursos, escolheram- se os doentes que poderiam sobreviver e os que, pela idade avançada ou pela fragilidade, não valia a pena gastar recursos. Criou-se desemprego. Surgiram novos empregos e o teletrabalho ou a telescola passaram a fazer parte das nossas vidas. Percebeu-se que o Covid-19 não escolhia os seus pacientes, pois todos poderiam ser infetados, todavia, também se percebeu que esta era uma doença que afetava essencialmente os mais velhos e mais frágeis, assim como os mais pobres que não tinham condições de isolamento habitacional e que, mesmo em pandemia, precisavam de continuar a trabalhar para terem recursos para sobreviverem.

O mundo percebeu que era preciso desconfinar, um novo vocábulo que entrou rapidamente na nossa gíria, porque não eram só as pessoas a morrer, as economias dos países definhavam por cada dia de isolamento e era preciso reagir. À semelhança do que aconteceu após a segunda Guerra Mundial, a Comissão Europeia desenhou um Plano Marshall, capaz de injetar capital na economia e evitar que muitos países juntassem à pandemia do COVID-19 a “pandemia económica”.

Para muitos cidadãos inconscientes, irresponsáveis e potencialmente movidos por outros objetivos que não o bem comum, a pandemia está controlada e, por isso, não é necessário respeitar as medidas de segurança. Pelo mundo fora, políticos populistas e oportunistas são também um péssimo exemplo destes comportamentos egoístas.

Todavia, é necessário que nos consciencializemos que esta não foi uma guerra que diminuiu a sua escalada. Esta foi apenas uma batalha e o início de muitas batalhas que, certamente, precisarão de cada um de nós como mercenários. Haverá a batalha dos países e das pessoas com mais recursos para acederem primeiro aos medicamentos e às vacinas e haverá a batalha da reconstrução das economias.

Se juntarmos a estas batalhas a grande epopeia de salvarmos o planeta da destruição de recursos e das alterações climáticas, de salvarmos milhões de pessoas de passarem fome ou de morrerem por escassez de todo o tipo de recursos básicos, muitos deles que lhes foram retirados por governantes sem escrúpulos, percebemos que não podemos baixar os braços e acreditar que alguma guerra está ganha.

No meio disto tudo, os chineses já vieram avisar que detetaram casos de peste suína e de peste negra em humanos, o que nos leva a questionar quantas novas batalhas ainda teremos pela frente?

Haverá muitas batalhas nos próximos anos e só uma sociedade esclarecida, educada, inovadora e focada em valores humanitários que coloquem o bem comum e o Homem no centro das decisões será capaz de ir vencendo cada uma destas batalhas, porque, provavelmente, a guerra nunca terminará.

Florinda Matos

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