O provérbio diz que “vozes de burro não chegam aos céus”, mas eu como não sou ofensivo nem desrespeitoso com burros poderei substituir por “vozes de cavalo não chegam aos céus”; bem, acresce que sendo defensor da melhoria da linguagem sobre animais considero mais adequado dizer que “vozes de Moita Flores não chegam aos céus”!
Vem isto a propósito de que Moita Flores, a maior esperança de político famoso e agregador para Santarém, não perde uma oportunidade para atacar o Bloco de Esquerda.
A fixação de Moita Flores deve vir de 2011 quando o BE lhe dedicou um cartaz com uma foto sua, gigante, dizendo “erro de casting”.
Ainda ontem, no jornal das facadas, tiros, zangas de vizinhos, anúncios de prostituição e temas afins escreveu:
“Há um histerismo patrocinado pelo Bloco de Esquerda e pela sua filial SOS Racismo que vê em cada homicídio de um negro uma explosão do racismo”.
A truculência cega de Moita Flores é evidente: o BE não faz OPAs sobre associações como Moita fez em Santarém, respeita a independência destas que é coisa alérgica a Moita Flores, não promove histerismos e muito menos sobre racismo porque age e pondera responsavelmente na defesa dos direitos humanos. Somos assumidamente antirracistas, o que pelos vistos causa urticária ao ex-Presidente da Câmara de Santarém!
A propósito do seu mandato, talvez seja de recordar que Moita Flores prometeu um Pólo Equino que criaria 700 postos de trabalho diretos e 2000 indiretos num protocolo com o Jockey Club de São Paulo.
É ainda curioso revisitar a ata da reunião de Câmara que aprovou o protocolo [clique aqui]: teria um investimento de 250 milhões de euros e constituiria, cito “uma alavanca para o futuro e um passo gigantesco para a reconfiguração económica do Concelho”. Também curioso é ter sido aprovado por unanimidade, ou seja, PS + PSD. Ricardo Gonçalves era então vice-presidente.
Nesta como em muitas outras promessas troantes da sua governação, só ficaram dislates como este: “Só os vadios de Santarém discutem as dívidas da Câmara”.
A paixão equina de Moita Flores continuou inaugurando a 6 de junho de 2009 a rotunda dos campinos. Hoje é conhecida por rotunda do Cnema, constando de cavalo e toiro, um espelho de água que logo deixou de funcionar, uma estrutura de betão armado mais própria de um lança mísseis e rodeada de betão maciço.
Alguns “vadios e histéricos de Santarém” discordaram da opção, mas o dogma pseudo-identitário da cidade taurina não deixava espaço à contestação sem ser alvo de impropérios.
A rotunda viola todas ou quase todas as normas de construção, todas ou quase as medidas preventivas, toda a sensatez. Sensatez é conduta que continua alheia a Moita Flores.
Os resultados da gestão camarária foram evidentes e infelizmente também as incompetências de Moita Flores e da sua equipa de vereação, pelo menos no que às rotundas diz respeito. Estas, infelizmente, continuam a não poupar vítimas! Até quando?
Vítor Franco