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A monitorização dos doentes crónicos na era do COVID-19

Os sistemas de saúde, nas últimas décadas, têm procurado incentivar, com mais ou menos ênfase, as vantagens dos autocuidados, da autonomização e capacitação dos doentes crónicos, fazendo a apologia de que um doente também monitorizado pode obter uma vida com mais qualidade, dispensando internamentos desnecessários, a sobrecarga dos serviços hospitalares, poupando em gastos de Saúde para que haja objetivos de sustentabilidade nos encargos na Saúde,   pois um doente controlado vive melhor e permite uma maior equidade a estes sistemas de cuidados.

É na vertente da capacitação, da literacia em Saúde que se tem procurado atrair o doente crónico para os benefícios na adesão terapêutica. Esta significa que se deve tirar partido da utilização dos medicamentos graças a um cumprimento rigoroso da terapêutica de acordo com as instruções do profissional de Saúde que medica. Ao seguir o tratamento prescrito com elementar rigor na toma correta da medicação, horário e duração da terapêutica, seguindo as recomendações feitas em função das caraterísticas de cada medicamento, vive-se muitíssimo melhor, longe de internamentos desnecessários. Esta monitorização conta com diferentes profissionais de Saúde: médicos, farmacêuticos e enfermeiros. As experiências avolumam-se e os resultados destas monitorizações são promissores. Veja-se o que se passa em diferentes Estados-Membros da União Europeia em experiências que envolvem centros de Saúde, médicos de família e farmácias. A lógica é a de que os doentes crónicos têm total liberdade para escolher o “seu” farmacêutico que os ajudará num acompanhamento personalizado, este monitorizará, de acordo com as regras estabelecidas pelo médico, o esquema de medicação devidamente atualizado para dele tirar o máximo de benefícios. Haverá reuniões periódicas na farmácia para que se possa avaliar se o doente tem uma boa compreensão do tratamento, se está a aderir à terapêutica, e havendo necessidade de proceder a retificações do médico, usa-se a comunicação eletrónica.

O caso francês é bem curioso. O governo e o setor farmacêutico estabeleceram um acordo, foi definida uma tabela de serviços de Saúde com as seguintes caraterísticas: monitorização de doentes crónicos com asma; revisão da terapêutica dos doentes crónicos com mais de 65 ou mais de 75 anos que tomem mais de cinco medicamentos há seis meses; participação do farmacêutico em serviços como é o caso dos programas de cessação tabágica, o início de programas de telemedicina ou a preparação individualizada da terapêutica. São estimados benefícios diretos na qualidade de vida dos doentes crónicos e já existem estudos independentes que apontam para o alívio das urgências hospitalares, dos internamentos e das listas de espera. É compreensível que se valorize o aconselhamento farmacêutico, presentemente subdimensionado à escala do Serviço Nacional de Saúde. Ele é um técnico do medicamento habilitado para em todas as situações melhorar a informação do doente e o capacitar em pontos decisivos para o seu estado de saúde, pode informar para que serve o medicamento e de que forma irá o doente beneficiar com a sua toma, falar nas precauções e cuidados com a administração, quais os alimentos e medicamentos a evitar durante o tratamento, quais os efeitos secundários que podem surgir e se e como podem ser minimizados. É incompreensível como toda esta problemática não é discutida na política de Saúde, verificado e sabido que com este conceito de adesão à terapêutica e monitorização das doenças crónicas ganhamos todos, vivendo melhor e com menos desperdício de recursos.

Mário Beja Santos

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