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A temível vaidade

Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens, é um livro dos finais do século XVIII escrito por Matias Aires que nos adverte e aconselha a temermos a vaidade, especialmente dos homens públicos, políticos. Ora, os recentes acontecimentos rebentaram por escrito transformando-se num libelo acusatório a três juízes desembargadores é a prova provada da maléfica vaidade extremada cujo paradigma é Rui Rangel de poupa altaneira, queixo desafiador à Mussolini, de tiques senatoriais e desmedida ambição de protagonismo.

Se os leitores entenderem algum exagero na minha apreciação façam o favor de o rememorarem nas televisões e relerem os seus escritos nos jornais.

Obviamente, a vaidade tem pulsões vitoriosas, sedutoras, envolventes e, acima de tudo, filamentos de impunidade, na outra face da moeda suscita críticas mordazes, comentários desprimorosos, intrigas, invejas e urdiduras a tecerem malhas e redes para a estrepitosa queda do Narciso enamorado da sua própria imagem na poça de água existente a seus pés quando chove. Tudo o resto são ademanes e detalhes a sustentarem a pulsão da vaidade.

A família retornou de Angola, tal como outras chegou depauperada, sedenta de desforra, de triunfar na vida a fazer prova de capacidade triunfando sobre a adversidade, engrossando o número de mulheres e homens a apostrofarem o epíteto de retornados.

Se fizermos uma pesquisa de vaidosos do mesmo teor e estirpe encontramos diplomatas, advogadas, facilitadores, escritores e tutti-quanti que conquistaram um lugar ao sol no nublado português do teu amigo meu amigo é, do meu conterrâneo justifica apoio, do companheiro de clube ou partido é correligionário, do parente esquecido passar a primo íntimo e por aí fora. A diferença entre Rangel e os restantes nomeados está na resistência às tentações esdrúxulas, mais e melhor astúcia, apurado sentido do perigo fazendo jus aos conselhos de Matias Aires.

A acusação espelha e espalha o corriqueiro uso da cunha: uns bilhetes para o futebol, um colocar em cima o processo estacionado no fundo do monte da papelada, o empenho destinado a facilitar um concurso, um jantar de amolecimento, a oferta de duas garrafas de vinho, assim sucedeu ao antigo director do SEF, enfim – a palmada nas costas – ao tipo porreiro que esqueceu a multa ao carro mal estacionado. Aquele que nunca entrou numa gaveta das acima mencionadas que atire a primeira pedra.

Sim, a dimensão dos actos imputados a Rangel, Galante, Vaz das Neves que conheci a atirar a capa de seminarista sobre o ombro esquerdo ao modo dos espadachins da época do autor da obra que trago à colação, é de outro calibre, melindre e consequências bem diferente da do cidadão médio da aldeia que obsequeia com um garrafão de azeite ou vinho o médico que lhe desempena os flatos e obstipações. A génese é a mesma, os resultados diferentes. Nem mais, nem menos!

Armando Fernandes

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