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Nunca como agora a adesão à terapêutica foi tão necessária

É do senso-comum tirar partido da boa utilização dos medicamentos, interessar-se por Literacia em Saúde, praticar automedicação responsável, com concordância do médico e indicação farmacêutica, tem imensas vantagens. Quem respeita a posologia recomendada, a duração da terapêutica, terá maiores probabilidades da eficácia do tratamento, evitar os tormentos de uma espera na lista de médico de saúde ou a uma ida à urgência do hospital, espaço permanentemente sobrecarregado com a pandemia, enfim, a adesão à terapêutica, em última análise, irá evitar o congestionamento dos hospitais e dará ao doente uma vida com mais qualidade.

Aponta-se como causa mais frequente de não-adesão à terapêutica, mais do que o esquecimento da hora da toma do medicamento, a falta de informação suficiente para compreender a forma como o tratamento deve ser feito e a importância de a ele aderir de alma e coração. Esta não-adesão pode ainda dever-se a receios ou ideias incorretas sobre os medicamentos que, entre outras consequências, podem levar a que os doentes acreditem que as doses são muito elevadas, ou, em sinal oposto, achem se tomarem maior quantidade de medicamentos vão ter uma resposta mais rápida ao tratamento.

Em toda a comunidade da Saúde se estuda e se questiona quais os melhores métodos e a comunicação mais apropriada para que a adesão ao tratamento seja vista pelo doente como um fator determinante. Há hoje estudos rigorosos que evidenciam esta não-adesão à terapêutica que afeta numerosos doentes crónicos, e estamos a falar da hipertensão, da diabetes, das dislipidemias, da insuficiência cardíaca, da depressão, da infeção VIH, entre outras. As abordagens recomendadas apelam a que o paciente apareça como participante ativo nas decisões relativas ao seu tratamento – deve existir uma partilha, sobretudo na informação de um acordo comum que responsabilize o doente e o profissional de Saúde.

Esses estudos dão relevo a que é preciso detetar a não-adesão o mais cedo possível e daí um sem-número de experiências que estão a ser feitas com visitas periódicas de doentes crónicos com terapêutica alterada pelo médico às farmácias, aqui há uma conversa entre farmacêutico e doente, elabora-se relatório que segue para o médico – poupa-se tempo ao médico sobrecarregado e aproveita-se integralmente a competência do farmacêutico. Estão em curso outras experiências, é o caso da caixa de medicamentos eletrónica que regista a data e a hora de cada abertura da embalagem, permitindo obter dados em tempo real da toma de medicamentos, e perceber se a adesão está a ser efetuada e a informação terapêutica foi bem assimilada, ou caso contrário.

Apoiar o doente com a sua terapêutica exige estratégia, hoje há consenso sobre os procedimentos necessários: verificar se o doente está suficientemente informado sobre a sua doença e o seu tratamento; estabelecer procedimentos para que o doente crónico adira a um ritual sólido em torno da sua medicação; desenvolver um encontro regular para que o doente crónico exprima o seu sentir de como vai a terapêutica e quais as suas inquietações (este ponto prende-se, como se disse acima, com as experiências de adesão terapêutica em que o farmacêutico deve ter um desempenho obrigatório), para se detetar se há desmotivações, e redirecionar o doente para a direção certa; ajudar o doente a desenvolver as suas competências e mostrar-lhe todo o quadro conhecido da sua adesão à terapêutica, e aí a caixa de medicamentos eletrónica pode ser influente.

O sistema de saúde da Suíça procura integrar todas estas peças, o farmacêutico organiza a monitorização e o seu acompanhamento numa rede doente, farmacêutico e médico, só este é que pode fazer mudanças na terapêutica. A análise dos resultados destas experiências revela que o doente fica muito mais motivado e os sistemas de saúde muitíssimo mais aliviados. Quando será que estas experiências aparecerão entre nós?

Mário Beja Santos

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