Na época de Natal escorre-me pelos olhos e o palato a saudade do polvo frito. Todos os anos prometo atenuar a mágoa da míngua daquele polvo dito vitela porque sedoso quanto a carne das vitelas ainda a mamarem nas tetas das vacas, batido quanto baste, previamente cozido, para logo a seguir ser frito envolto em diáfano polme de farinha, ovo e salsa, cuja fritura é executada exemplarmente segundo o cânone – seco, dourado e estaladiço – sem o francesismo pires do crocante cozinheiros da moda que as Mestras cozinheiras do famoso polvo frito a derramar a substância sápida do produto não pronunciam.
Neste Natal desenxabido referi várias vezes a exuberância do paladar do dito e referido polvo, no decurso da refeição principal do dia imediato Resignei-me, resmunguei brandamente e, volto a esperar. Não tenho outra hipótese. Natal só uma vez em cada ano!
Armando Fernandes