Pois é. Parece que Santarém é agora um dos poucos municípios a conseguirem executar PPPs sem apoios da União Europeia, isto é sem fundos perdidos. É um feito a relevar, tanto mais que o processo foi todo aprovado em sessão de Câmara (embora sem o voto do Presidente que, na votação, saiu apressado da sala…não se sabe bem porquê…) e as respetivas licenças atribuídas rapidamente e sem qualquer contratempo por parte dos serviços camarários.
Também era melhor. Entravar o único investimento “público-privado” de alguma dimensão, feito na cidade nos últimos anos. Um investimento que vai ser o orgulho dos moradores do bairro de S. Bento e que faria corar de vergonha alheia o arquiteto João António de Aguiar que projetou aquele bairro, nos finais de 48 do século passado, um modelo do urbanismo modernista, e que nunca se lembraria de imaginar uma ocupação de construção tão densa para um lote ali existente.

(Os Rezingas que andam aí pela cidade, dizem que aquela ocupação de construção nunca seria autorizada a qualquer simples cidadão que se propusesse aventurar com um projeto daquela dimensão. Seres invejosos e maldizentes de que o Concelho está cheio)
Certamente estará o leitor a interrogar-se por que raio aquele empreendimento já é apelidado de PPP, até porque não estava nada disso previsto no Orçamento da Câmara nem nas GOP (Grandes Opções do Plano), para 2020. Mas o que é verdade é que a obra foi arquitetada, aprovada e licenciada e tem revelado um bom ritmo de execução ao contrário das outras previstas nas GOP. (Aqui é que se pode confirmar a modéstia e o profundo apego à coisa pública por parte do Presidente, que faz obra e não faz dela alarde nem a utiliza para fins eleitorais ou outros de conveniência pessoal.)

Uma verdadeira PPPP (Parceria Pública-Privada Perfeita)
Ser ou não uma PPP, a obra de S. Bento, vou explicar porque pode ser considerada assim. Eu até diria que é mais do que uma PPP. Pode considerar-se até uma PPPP, isto é Parceria Pública – Privada Perfeita. Porquê? Então vejamos: é um projeto aprovado na Câmara, preparado pelo seu presidente, executado com dinheiros de um banco público (1,1 milhões!) e com gestão privada. Mas não é uma gestão privada qualquer. Pode admitir-se que é a combinação perfeita porque, apesar de privada, é feita por gestores com larga experiência na coisa pública. Confusão? Nada! É que os promotores são duas personalidades que há muitos anos a esta parte, vêm gerindo a coisa pública em autarquias ou em empresas municipais. Refiro-me aos atuais Presidente de Câmara e Presidente das Águas de Santarém.
Dupond e Dupont em versão concelhia…
Haverá uma parceria mais perfeita do que esta? Duas figuras com responsabilidades públicas associarem-se para construírem e gerirem uma obra privada com financiamento do banco do Estado e o beneplácito da Câmara Municipal.
Por aqui, os munícipes e a própria CGD, podem ficar descansados que o montante financiado tem tudo para ser bem aplicado, gerido e pago no prazo previsto, até porque quem constrói casa própria terá sempre o cuidado de não entrar em desvarios e gastos supérfluos e, quem é, irá sem dúvida honrar os seus compromissos.
São pessoas com provas já dadas na gestão do bem comum. Por coincidência, ambos com iniciativas públicas na Ribeira: um investiu num campo de futebol em leito de cheia e outro, quando vereador, até pensou e, se bem o pensou melhor o fez, uma praia fluvial no areal, com piscina e tudo. Uma ideia genial. Mas o Tejo foi padrasto e destruiu tudo um mês depois da inauguração. Mas isso foi um percalço com dinheiros de outros bolsos (públicos).
Agora trata-se de “casinhas” próprias que irão ser geridas com muito mais rigor e parcimónia e, o imóvel, poderá até ser tornado uma atração turística, não só pela área e volume de construção, únicos no bairro, mas também por ser a única PPPP de que há memória na paróquia.
Com a falta de monumentos para serem visitados, Santarém agradece.
Manuel Rezinga
Janeiro de 2021