Ler e pensar é uma chatice? Participar na vida associativa e na vida política, dá trabalho, incomoda, pois cria dissabores? Ter de reflectir com os outros de outras correntes ocupa o nosso tempo? Se olharmos para o percurso pessoal de cada um, o que vemos? Quantas vezes se envolveu cada um nas lutas sociais? Em quantas manifestações participa regularmente ? Quantas propostas já fez para questões e causas que tragam benefício para a comunidade e não apenas para si próprio? Fez alguma coisa pela liberdade, pela liberdade de imprensa, pela liberdade de opinião? Por acaso leu e reflectiu sobre o programa político do candidato neofascista o qual não foi escrutinado pelo tribunal constitucional mas apenas o foram os estatutos e uma declaração? Sabe que querem ” demolir a República”, acabar com o serviço nacional de saúde, acabar com a escola pública, acabar com o estado social e destruir os direitos adquiridos, substituindo-os por «direitos merecidos», destruindo o estado de direito democrático, por exemplo? Não, não sabe. Só sabe o que interessa à sua esfera pessoal. Sabe que muita gente perdeu a vida ou viveu em sofrimento cerca de 48 anos para que você agora votasse no saudosismo? Faz ideia do que é passar uma infância enquanto o seu pai anda na guerra além mar? Não lhe diz muito? Mas sabe votar em neofascistas? Mais uma vez deixa para os outros a tarefa de reparar os estragos. Mas afinal o que fez você agora pela democracia caro cidadão ” protestante”? Cuspiu na democracia.
PS – No final disto tudo, valha-nos a vitória do candidato Marcelo para limpar a nódoa da votação neofascista do 2.º lugar.
Papoila falante – soneto à liberdade
A liberdade não é um engano
Grita, vermelha, num campo qualquer
Não escolhe homem, nem mulher
Nem migrante nem cigano
Não vive do ódio nem de irritações,
Vive na verdade e no altruísmo,
Derrota o ditador vence nações.
Vive do amor, derrota o fascismo.
A liberdade não veio de patinhas,
Veio pra ficar sem dúbia margem,
Trouxe a coragem e a camaradagem.
Crescem velozes ervas daninhas,
nos areais da nossa Constância,
São as franjas da ignorância.
José Luz
(constanciense e antifascista)