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Revista do Médio Tejo, volume I, 2020

Foi o Iluminismo quem lançou na imprensa as publicações com caráter de almanaque, um de tudo um pouco dentro de uma grande angular para despertar interesse dos leitores seja para a cultura geral seja para o conhecimento das potencialidades de uma determinada região.

Médio Tejo significa 13 concelhos e há o jornal online mediotejo.net que para celebrar o seu primeiro aniversário editou um número especial cinco anos depois da sua publicação, comprometendo-se a publicar trimestralmente a sua revista a Ponto.

Volume 1 da Ponto, a revista do mediotejo

Aqui se passa em revista o que o leitor poderá doravante esperar desta publicação que abre com uma bela imagem de Dornes, fala-se de um ponto fraco que é a Fabrióleo, em Torres Novas, que tem encerramento por ordem judicial noticiado mais de uma dezena de vezes, o seu cheiro é nauseabundo, recordando que o problema da poluição da ribeira da Boa Água continua por resolver.

Fala-se da tão esperada nova ponte de Abrantes, aborda-se um alegado conflito de interesses envolvendo um deputado do PSD e o ex-candidato presidencial Paulo de Morais. O advogado André Grácio elogia a vida rural, mas não deixa de manifestar amarguras, como esta: “O problema do Tejo é insustentável e revela a falta de políticas ambientais para o Interior. Todos os dias sai uma notícia sobre um despejo, que o Tejo está castanho, é assim há anos e nada muda. O mega ministério que manda no mundo rural é o Ministério do Ambiente. Manda na água e nas terras. A Agência Portuguesa do Ambiente é das instituições mais poderosas que temos em Portugal. O Ministério da Agricultura neste momento é um mero gestor e distribuidor de subsídios. E quando se depende de fundos comunitários para viver, como acontece com a agricultura, com a pecuária, com a produção de carnes, de leite, é muito fácil ficar manietado e ceder a pressões”.

Entrevista-se a Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, que assim sintetiza a missão do seu departamento: “Temos a coordenação e a gestão dos Programas Operacionais Regionais, eles representam uma fatia de 8 mil milhões de euros. Grande parte desta verba concentra-se no desenvolvimento de centros urbanos, em programas específicos para territórios de baixa densidade, no apoio à inovação e competitividade das empresas, em projetos de inclusão social e em apoios para investimento tão fundamentais como a Educação, a Saúde e o Património”. Inevitavelmente, fala-se de COVID-19 e como muitas famílias tiveram de lutar contra outro vírus poderoso: o da estigmatização.

Antiga enfermaria  do Regimento de Engenharia N.º1, Tancos

A propósito de património, traz-se à consideração do leitor que é uma fatalidade demolir a antiga enfermaria do Regimento de Engenharia N.º 1 em Tancos, o único vestígio marcante que resta da I Guerra Mundial no nosso país. Há quem defenda a construção de um museu naquele espaço, Tancos é uma referência histórica inabalável, aqui se “prepararam” 20 mil homens em três meses para integrarem o Corpo Expedicionário Português.

Uma das portas do Castelo de Tomar

Os leitores do mediotejo são incentivados a descobrir alguns segredos que se espalham pelos 13 concelhos, poderá ser o Tejo em si, visitar os subterrâneos do Convento de Cristo de Tomar, passear a cavalo até à Quinta da Cardiga, uma das casas agrícolas mais ricas em Portugal que está fechada há cerca de quatro décadas e à venda, participar numa visita à Charola de Tomar, há ali segredos em barda, visitar Dornes, conhecer o troço de mais de 50 quilómetros que o Caminho de Santiago leva na região do Médio Tejo, e muito mais.

Castelo de Almourol

O número de a Ponto saiu no verão e daí a recomendação das diferentes praias fluviais, tão atrativas e tão diferentes. Convida-se a visitar Mação, a conhecer a Estrada Nacional 2 no que toca ao Médio Tejo. É uma região pujante de natureza e de arte valiosa, daí a recomendação para a visita do Parque de Escultura Contemporânea, em Vila Nova da Barquinha, como um delicado jardim de aromas em Constância. Outra inevitabilidade é onde bem dormir e bem comer, a Ponto oferece inúmeras sugestões.

E fala-se de religião, de Fátima, conta-se a história da criação da imagem, uma escultura com 100 anos de história, seguramente uma informação que muitos desconhecem: “Com 1,04 metros de altura, a escultura original de Nossa Senhora do Rosário de Fátima foi produzida em cedro do Brasil, com aplicação de policromia e dourados, na Casa Teixeira Fânzeres, de Braga. Pesa 19 quilos, os olhos são de vidro e, nas vestes e no manto, foram incrustados pedras de cristal de rocha, de vidro e diamantes (…) Protegida por uma redoma de vidro à prova de bala, a imagem era recolhida para o interior da capelinha todos os dias, poucos minutos antes da meia-noite, por uma questão de segurança, até à manhã seguinte. Essa prática foi abandonada em 2009, quando o Santuário de Fátima passou a transmitir vídeo em tempo real, 24 horas por dia. Desde então, a escultura que representa Nossa Senhora de Fátima está permanentemente à vista de todos”.

Fala-se dos rios do Médio Tejo, o Zêzere, o Tejo, o Almonda, o Alviela e o Nabão, segue-se um artigo sobre a vespa-asiática e o escritor Pedro Almeida Vieira é minucioso na caraterização que faz dos incêndios em Portugal, deixando um cesto de propostas para mudar o atual estado de coisas, por exemplo há que melhorar o papel do Estado na gestão dos espaços florestais, o que se deve traduzir por um reforço da Administração Pública no setor florestal, havia que criar uma organização estatal autónoma que agregasse equipas de técnicos, vigilantes e sapadores florestais, com a missão de executar no terreno as operações necessárias de gestão de combustíveis (biomassa), de vigilância e controlo de acessos e ainda supressão de incêndios”. Propõe igualmente um mecanismo de compensação económico-fiscal, naturalmente implicando elevados investimentos mas com grandes resultados na economia do país.

Há crónicas, fala-se na Air Summit em Ponte de Sor. Versatilidade não falta, pois, a este auspicioso número de 2020 e que promete ser trimestral. A publicação é pontuada pela simplicidade. A apologia da natureza é uma constante, basta ler este texto:

Saímos de Tomar em direção à pedreira e haveremos de encontrar a antiga Companhia de Papel do Prado. Passando a ponte para a outra margem do rio Nabão entramos em terras de Além da Ribeira. Mais uma ponte se passa, a da Milheira, e sobe-se à Póvoa. Ali deve-se cortar para o Sobreirinho, e depois para as Lapas. A simplicidade da natureza que aqui se expande livremente, e a força de um rio seguindo o seu destino sem obstáculos, é de tirar o fôlego. Nas Lapas há mais que espaço para abrir os braços e, sem máscaras, inspiramos o máximo de ar puro. Esta  margem do rio deve fazer-se a pé, até chegar à Capela de Nossa Senhora das Lapas. Aquietemos a mente no mais pacífico dos retiros, imune ao conflito humano, onde o divino sempre se sobrepõe”.

Mário Beja Santos

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