O deputado municipal do Bloco de Esquerda Vítor Franco apresenta hoje na Assembleia Municipal de Santarém uma recomendação à Câmara de Santarém para melhorar o apoio aos peregrinos de Santiago e Fátima que fazem de Santarém ponto de passagem e estadia.
Santarém é normalmente fim da etapa que liga Azambuja a Santarém para quem peregrina a pé. O percurso de Porto de Muge a Santarém tem 16,2 km sempre ao sol, sem sombras e sem fontes de água.
A recomendação hoje apresentada na Assembleia Municipal propõe que a Câmara de Santarém “dialogue com a Câmara do Cartaxo no sentido de implantar pontos de água no Caminho, uma tarefa que poderá ser fácil em diálogo com as quintas agrícolas. Defende que estude a possibilidade de colocação de uma pequena infraestrutura de descanso e sombra logo no bico do início do concelho. Defende que a autarquia equacione, por exemplo, outras hipóteses:, como o aproveitamento de uma casa abandonada que se encontra no início da rua sem nome, logo a seguir ao entroncamento com a estrada municipal que vai para as Caneiras. Esta casa encontra-se em processo de acelerada degradação do seu chão mas aparenta possuir boa estrutura e tem energia elétrica. Aliás, as caixas da baixada e do contador encontram-se danificadas mas têm energia. Tal aproveitamento é absolutamente normal e frequente pelos municípios onde o Caminho passa.
Pretende ainda que a autarquia estabeleça diálogo prévio com a Associação dos Amigos dos Caminhos de Fátima, a Associação que faz a preservação dos Caminhos, para debater a possibilidade de criação de uma alternativa de escolha informada. Por hipótese, poderia ter início no pontuado azul encaminhando os peregrinos em direção às Caneiras. Na povoação poderia criar-se um acordo com a entidade gestora do recinto de festas para criar uma zona de descanso diurno. Assim aproveitavam-se as sombras já existentes, a água, wc e energia elétrica. Era só criar um ponto de wireless.
Na Calçada Fonte da Junqueira, a recomendação passa por melhorar a sinalização vertical de alerta para peões na Calçada da Junqueira. Esta estrada tem lugares estreitos e muito percurso sem passeio. Recomenda que se estudem alterações de melhorias na via de forma a introduzir alguma proteção adicional aos peregrinos. Estas medidas são necessárias a todos os utentes da via, há muitas pessoas residentes a caminhar aí.
Os últimos kms de Caminho, no concelho, que se fazem por estrada, antes de chegar a Vale de Figueira precisam de ser melhorados. Os passeios não existem tornando o percurso perigoso, as sombras também não e seria útil um ponto de água possivelmente até cedido por uma das quintas agrícolas.
A Câmara não deve apagar as setas amarelas pintadas pelos voluntários. Estas setas correspondem a um Caminho secular cujos ficheiros tracks gps / gpx estão nos guias de todo o mundo. Apagar setas só gera uma confusão desnecessária. Tal intenção deve também ser comunicada à entidade de turismo.
Evitar a confusão de símbolos. Sem pretensões mercantilistas, a imagem inicial [da esquerda] “reflecte um Caminho aberto a todos, independentemente de crenças religiosas” mais ecuménico e abrangente. O novo logótipo, criado pelo Turismo de Portugal em 2017 e sobrepôs ao original “perdeu as características que identificavam os Caminhos de Fátima, como um Caminho aberto a todos. Ganhou um crucifixo, que parece estar em cima de uma campa de cemitério. Fizeram um trocadilho gráfico ao fundirem o “I” e o “M”, que faz os estrangeiros perguntar quem é a “fat ma” (mãe gorda)) e confunde os peregrinos mais velhos, não habituados a estes desvarios gráficos da moda actual”. A CMS não deve participar em atos que transformam o Caminho na dependência do negócio, usado para conseguir fundos europeus e uma “modernidade” logo deixada ao abandono assim que acabam os fundos, defende Vítor Franco.
Por último, o deputado Vítor Franco propõe que a Câmara deve verificar e caso necessário capturar uma matilha de cães que percorre o caminho das Caneiras ao Outeiro da Forca e já atacou algumas pessoas.