Atualmente a UE conta com 27 Estados-Membros, após a saída do Reino Unido. Podemos dizer que nos dias de hoje existe uma Europa com medo: medo de mostrar-se insuficiente no que diz respeito à resolução de problemas económicos a tempo e horas, devido ao atraso nas ajudas financeiras para Estados que estão à beira de um colapso, medo de não conseguir corresponder às expectativas na coordenação e distribuição das vacinas, medo de perder o controle das rédeas do Estado de Direito em alguns dos Estados-membros, medo do desemprego que assombra o mundo que sofre da pandemia, medo do aumento da violência doméstica, que tem aumentado drasticamente, o medo do crescimento de novos idealismos políticos, o medo de não utilizar corretamente os ativos que possui, o medo de uma resposta insuficiente face aos vários desafios, o medo entre tantos outros medos.
A UE enfrentará, após a crise pandémica que ainda insiste em permanecer, o declínio da economia entre os seus sócios, e tem tentado que todos os estados-membros recebam um apoio económico, relevando assim a importância da “bazuca” através do Plano de Recuperação Económica, para que não passem por uma nova crise económica como foi a de 2008. Mas é importante ressaltar um grande avanço dado recentemente, para afastar o medo de um futuro negro para o ambiente, com o Pacto Ecológico Europeu ou “Green Deal”, uma das bandeiras da Comissão Van der Leyen, com normas mais exigentes, que vão desde a economia circular à neutralidade climática, prevista para ser alcançada em 2050, e ainda avançar com o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, previsto para 2030.
Mas de volta aos medos, a pandemia, para além de aumentar as desigualdades entre homens e mulheres, com a diminuição no horário de trabalho e no salário das mulheres, trouxe o aumento da violência doméstica. Os pedidos de ajuda por parte das vítimas na UE aumentaram até 60% segundo o departamento Europeu da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2020, o que significa que este número cresceu cinco vezes em relação ao ano de 2019. E outra questão preocupante é a onda de desemprego que estamos a assistir, um dos efeitos colaterais mais graves da pandemia. O impacto no mercado de trabalho aponta que para uma quebra global de horas trabalhadas em 8,8% o que se retrata na perda de rendimentos de trabalho na ordem dos 3,7 biliões de dólares (4,4% do PIB global), significando uma quebra de 8,3%. Esta situação demonstra que cada vez há uma maior necessidade dos Estados-membros se auto ajudarem, com soluções conjuntas para superar as dificuldades e combater a pobreza e a exclusão social.
Outro dos medos da Europa que se verificou essencialmente no início da pandemia foi o receio da falta de capacidade científica para ajudar a combater a pandemia. Esta demonstrou-se na dificuldade de criar uma vacina para a COVID-19. A UE conseguiu produzir duas vacinas uma na Alemanha, a da Pfizer, a outra a da AstraZeneca que é anglo-sueca ambas foram parcialmente financiadas pela UE. Só recentemente é que se verificou o alargamento da produção das várias vacinas em diversos Estados-Membros, especialmente na França, Alemanha e Itália o que facilita a distribuição das mesmas pela UE.
Esperemos que o Plano Marshall II, com a chuva de milhões destinada aos Estados Membros, e o Green Deal, que quer pintar de verde uma Europa hoje cinzenta, consiga levar para longe os nossos medos e devolver a tranquilidade, a paz e a solidariedade que os pais da Europa idealizaram no dia 9 de Maio de 1950. A História da UE já nos demonstrou que estamos perante uma união que transforma as dificuldades em novas aprendizagens.
Margarida Pitarra da Silva

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