Nos últimos anos, têm sido relatadas várias situações de procura inadequada aos serviços de urgência, uma vez que muitos utentes se dirigem a este serviço em condições de saúde não urgentes. No Hospital Distrital de Santarém (HDS), em 2020, o número de admissões à Urgência diminuiu substancialmente, realidade que, segundo a Direção do Departamento de Urgência, se deve, sobretudo à pandemia.
“A pandemia veio contribuir para que os utentes se deslocassem às urgências apenas em situações de doença urgente”, relata Graça Amaro, diretora do Departamento de Urgência, referindo que diminuiu significativamente o número de doentes triados com prioridade verde, azul e branca.
Em 2020, 33,6% dos episódios de urgência do HDS foram triados com estas prioridades, o que representa um decréscimo de 10% relativamente a 2019. A nível nacional, de acordo com dados do Portal da Transparência do SNS, no mesmo ano, 40% dos episódios de urgência foram triados com estas prioridades.
Outra das situações que contribuiu para a redução do número de doentes na urgência em 2020 foi o facto de o HDS ter estabelecido um protocolo com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Lezíria, que prevê o reencaminhamento dos utentes triados com as prioridades verde, azul e branca para os cuidados de saúde primários, tendo sido reencaminhados 1.249 utentes em 2020 (abril a dezembro).
Segundo Graça Amaro, a procura desajustada sobrecarrega os serviços de urgência, conduzindo a uma diminuição da qualidade dos cuidados com tempos de espera acima do normal e consequente aumento dos custos.
Graça Amaro salienta ainda que existem orientações do Ministério da Saúde no sentido de uma articulação estreita entre os hospitais e os centros de saúde para que os utentes menos urgentes sejam atendidos na sua unidade de cuidados de saúde primários.
No HDS a melhoria nos resultados não tem ocorrido apenas na Urgência, com o índice de desempenho global a atingir níveis muito satisfatórios em abril de 2021, situando-se nos 98,14%. A melhoria torna-se ainda mais evidente quando olhamos para os índices de desempenho global alcançados em 2018, situando-se nos 59,9%, e em 2019, que foram de 90,13%.