A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos assinalou o 5.º aniversário do reconhecimento pela UNESCO da prática da Falcoaria em Portugal como Património Cultural Imaterial da Humanidade.
A comemoração teve lugar esta quarta-feira, dia 1 de dezembro, na Falcoaria Real de Salvaterra de Magos, com uma homenagem a Natália Correia Guedes e à Associação Portuguesa de Falcoaria, que este ano assinala o seu 30.º aniversário. Aos homenageados reconhece-se o trabalho e a dedicação em prol da falcoaria, o seu contributo foi fundamental para manter esta prática ativa no nosso país.
Ao assinalar o 5.º aniversário deste reconhecimento pela UNESCO, a Câmara homenageou Natália Correia Guedes, que deu contributos determinantes para que o Palácio da Falcoaria Real tenha sido adquirido pelo Município em 1991, para o reconhecimento de Salvaterra de Magos como Capital da Falcoaria Real, e para o reconhecimento da Falcoaria como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, em 2016.

A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos liderou a candidatura da prática da Falcoaria como Património Cultural Imaterial da Humanidade, juntamente com a Universidade de Évora e a Associação Portuguesa de Falcoaria, tendo conseguido o reconhecimento da UNESCO a 1 de dezembro de 2016, em Adis Abeba, Etiópia.
O facto de existir em Salvaterra de Magos um edifício como o da Falcoaria Real, exemplar único na Península Ibérica e o impacto que a prática da falcoaria teve na vila de Salvaterra de Magos foram razões para que em 2014 a autarquia tenha registado a marca “Salvaterra de Magos – Capital Nacional da Falcoaria”.

O presidente da Câmara Municipal, Hélder Manuel Esménio começou por destacar que “este importante reconhecimento ajudou e ajuda muito na valorização e preservação desta prática, promove esta Falcoaria, a sua Galeria de Exposições e o seu Centro de Documentação e foi também um tónico para a visibilidade que o concelho de Salvaterra de Magos alcançou e impulsionou-nos para uma estratégia e diversidade cultural bem evidentes aliás na Campanha que temos a decorrer de apoio à Economia Local”.

“Natália Correia Guedes estudou, pesquisou e escreveu como ninguém sobre a história de Salvaterra de Magos, é uma grande amiga da nossa terra e uma extraordinária embaixadora da Falcoaria em Portugal e no Mundo”, salientou Hélder Manuel Esménio, acrescentando “a sua ajuda foi fundamental, no início dos anos 90 do século passado, nas negociações que a Câmara Municipal teve que estabelecer com o Conde de Monte Real para a aquisição deste imóvel”.
“Poucos anos antes, os estudos que fez com o seu pai, Joaquim da Silva Correia, permitiram publicar em 1989 e reeditar em 2018 o livro “O Paço Real de Salvaterra de Magos”. Foi com oferta de espólio seu sobre a caça e falcoaria e depois seguido de muitas outras ofertas que em 2017 abrimos o Centro de Documentação da Falcoaria Real, a que atribuímos o seu nome e o de seu pai. Em 1991, Natália Correia Guedes foi co-fundadora e primeira Presidente da Associação Portuguesa de Falcoaria e se hoje Salvaterra de Magos é a “Capital Nacional da Falcoaria” deve-o muito à Professora Doutora Natália Correia Guedes e à Associação Portuguesa de Falcoaria”, referiu.

Hélder Manuel Esménio frisou também “a relevância e mérito do trabalho desenvolvido pela Associação, que anualmente desenvolve várias atividades com o objetivo de promover e proteger a prática da falcoaria em Portugal, sempre disponível para apoiar as iniciativas que desenvolvemos na Falcoaria Real”.
Mensagem do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de se associar a esta homenagem à Professora Doutora Natália Correia Guedes “e também àquilo que o tempo e o lugar desta homenagem relembram”, tendo enviado uma mensagem em vídeo, na qual evidenciou: “Todos sabemos como Natália Correia Guedes tem sabido conjugar, desde o início da Democracia Portuguesa, a faceta de universitária e especialista, nomeadamente em Museologia, com a de responsável de organismos públicos ou de claro interesse público”, acrescentando “pude acompanhar a miúde, muito de perto ao longo dos anos este seu trabalho informado, diligente e tantas vezes pioneiro”.
“Em Salvaterra de Magos é também justamente conhecida porque a sua investigação e a sua militância ajudaram em muito a que se concretizasse o objetivo de ver reconhecida pela UNESCO, faz agora cinco anos, a prática da Falcoaria como Património Cultural Imaterial da Humanidade. Como em tantos outros domínios pelos quais se interessou, o empenho da Professora Doutora Natália Correia Guedes foi decisivo para esse sucesso. O Presidente da República Portuguesa, mais do que o cidadão e o amigo, também aqui presentes, saúda-a por isso nesta jornada de celebração e de apego ao nosso património”, concluiu.
“Natália Correia Correia Guedes é uma amiga de Salvaterra de Magos e uma extraordinária embaixadora da falcoaria em Portugal e no mundo. A sua visão e dedicação mantiveram ativa esta prática de caça no nosso país e a sua persistência ajudou a devolver ao Município de Salvaterra de Magos a Falcoaria Real”, salientou Hélder Esménio.

Doutorada em Museologia pela Universidade Nova de Lisboa, Natália Correia Guedes foi presidente do Instituto Português do Património Cultural, Diretora-Geral do Património Cultural, e subsecretária de Estado da Cultura, tendo a sua intervenção sido fundamental para as negociações entre o Conde de Monte Real e a Câmara de Salvaterra de Magos para a aquisição do edifício da Falcoaria Real. Foi fundadora e diretora do Museu do Traje, diretora do Museu nacional dos Coches, diretora do Museu do Oriente e atualmente é presidente da Academia de Belas Artes.

Descendente por via materna de falcoeiros holandeses de Valkensward que vieram para Salvaterra de Magos na segunda metade do século XVIII para recuperar a Falcoaria Real, Natália Correia Guedes dedicou-se ao estudo e investigação da história da falcoaria em Portugal. Com base nas pesquisas e estudos de seu pai, Joaquim da Silva Correia, Natália Correia Guedes publicou em 1989 o livro “O Paço Real de Salvaterra de Magos”, até hoje a obra mais completa sobre a história de Salv«vaterra de Magos, reeditada pela autarquia em 2018.
Como diretora do Museu Nacional dos Coches organizou em 1989 a exposição “Falcoaria Real” e como diretora do Museu do Oriente comissariou em 2015 a exposição “A Arte da Falcoaria de Oriente a Ocidente”.

Nesta sessão, Natália Correia Guedes ofereceu à Câmara a escritura de partilhas, datada de 1534, referente ao Senhorio da Vila de Salvaterra, herdado por D. Fradique Manoel, avô do 1º Conde da Atalaia. O documento irá integrar o espólio do centro de documentação da Falcoaria Real.

A sessão contou com a animação musical da violinista Natália Juskiewicz, acompanhada por Rodolfo Godinho (guitarra portuguesa) e Eduardo Lemos (viola de fado).

Na Galeria de Exposições, foi inaugurada a exposição de Aguarelas “Caçadores Alados”, do falcoeiro André Valério, que para além de ser um amante desta prática, gosta de manifestar o enorme respeito que tem pelas aves de presa, também na tela.

A exposição de Aguarelas “Caçadores Alados” pode ser visitada até 18 de fevereiro, apresentando uma coletânea de trabalhos realizados ao longo do último ano onde o mote são aves de falcoaria.