Sexta-feira, Dezembro 8, 2023
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Santarém e a Linha do Norte: A responsabilidade de autarcas e deputados

Vamos iniciar um período de vital importância para o futuro do País e, por arrasto, também para o futuro da região. Até às eleições de 30 de janeiro, é imperioso saber o que pensam e o que propõem os candidatos a deputados pelo distrito, bem como as propostas por que se vão bater os autarcas da região, junto desses candidatos e do futuro governo.
Um dos temas que tem sido recorrente e que há décadas vem sendo alvo de discussões e de apelos aos diversos governos, é o do desvio da Linha do Norte em Santarém, sendo consensual a urgência de um projeto realizável que resolva os problemas de segurança da Linha e que liberte os moradores da Ribeira de todos os engulhos que a travessia da linha pelo centro habitacional lhes causa. Outras grandes ambições dos scalabitanos são a acessibilidade ao rio e a reabilitação urbana da Ribeira, com tudo o que daí poderá resultar, como são o seu aproveitamento turístico e de lazer e o desenvolvimento económico da Zona Ribeirinha.

Mapa da proposta da variante a poente da cidade de Santarém

Ora, sendo sempre referido este tema como um dos prioritários para o desenvolvimento e modernização do Concelho, é altura de ser novamente lançada a discussão e o esclarecimento sobre o que poderá ser feito e sobre as opções em jogo.
Irei dar a minha opinião sobre o projeto proposto em 2008 que se tornou, até há bem pouco tempo opção única e que, aparentemente, reunia o consenso dos autarcas e de organizações representativas da sociedade civil. Considero que em boa hora foi esse projeto metido na gaveta para sempre. Seria uma obra que, para além de impossível implementação nos dias de hoje, era também um tremendo erro com repercussões urbanísticas, sociais, ambientais e de mobilidade, que iriam afetar a cidade e os seus subúrbios, mas também as freguesias limítrofes.
O projeto de 2008 é atualmente uma impossibilidade e existem alternativas.
Se, já em 2008 a Variante Poente levantava problemas de impacto muito difíceis de ultrapassar, atualmente a sua execução seria, para além de um erro estratégico, praticamente impossível de concretizar, pelas seguintes razões:
1.º- Os corredores de salvaguarda da linha projetada já foram liberados há alguns anos, havendo que demolir agora muito mais do que as 33 primeiras habitações de então;
2.º- A construção de 26 km de nova via iria constituir um cerco físico à cidade, que ficaria rodeada de um lado pela linha férrea e do outro pelo Tejo, com todos os problemas de mobilidade e de acesso que isso causaria, para pessoas e animais (efeito de barreira).
3.º – O tremendo impacto que teria a movimentação de 2,8 milhões de m3 de terras e o impacto poluidor e geológico que implicaria.
4.º- O impacto sonoro e vibrático nos aglomerados populacionais atravessados, nomeadamente no Vale de Santarém, Fontaínhas, Portela das Padeiras, bairro das Trigosas, Vale de Figueira, Murtinhais e Casais do Reimão.
5º- O atravessamento das freguesias rurais limítrofes, iria provocar um forte impacto social: para além das demolições há a considerar a divisão das propriedades rurais e das próprias freguesias.
6.º-A sua construção ocuparia 96 Ha de REN e RAN (56 de culturas anuais, 11 de olival e 6 de montado)
7.º- O custo da obra, atingiria facilmente os 400 milhões de euros, (em 2008 previa-se um custo superior a 300 milhões…) o que inviabiliza qualquer governo de se abalançar a essa aventura.
8.º- Moradores das áreas atravessadas questionados sobre esta possibilidade, manifestaram-se completamente contrários e fortemente motivados para impedir essa obra.
Perante o exposto (elementos retirados do Estudo de Impacto Ambiental feito na altura), pergunta-se quais os argumentos para continuar a lutar/defender esta opção?
Uma alternativa (Veja aqui o vídeo da simulação da variante) já foi recentemente apresentada, também ainda sem contraditório publicado.
Seria bom que esta discussão fosse aberta e que houvesse debate público. Perorar apenas nas redes sociais ou em tertúlias de café, não resolve nem sugere alternativas credíveis.
Durante o período pré-eleitoral, os eleitores de Santarém têm o direito de conhecer o que os futuros deputados pelo distrito pensam sobre este tema, bem como saber o que os autarcas da região, recentemente eleitos, se propõem defender.
É a altura de iniciar o debate. Sério e sempre pugnando pelo bem-estar das populações e pelo desenvolvimento da região, deixando de lado os interesses particulares, imobiliários ou outros, que naturalmente se costumam evidenciar nestas discussões…

Armando Leal Rosa

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