Foram as exibições dos lendários Asas de Portugal, patrulha de pilotos da Força Aérea que animava festivais de acrobacias aéreas, que inspiraram Maria Lopes na decisão de se tornar piloto-aviador, como conta em entrevista ao Mais Ribatejo.
“Estudava na Escola Secundária do Entroncamento, em Ciências, e estava inclinada para várias áreas, mas quando assisti à exibição dos Asas de Portugal, que eram muito inspiradores, senti-me muito atraída e imaginei que poderia vir a ser piloto-aviador”, afirma ao Mais Ribatejo, Maria Margarida Lopes, de 25 anos, residente no Entroncamento, que concluiu este mês o curso da Academia da Força Aérea e já recebeu o brevet de piloto-aviador.

Ao cabo de 7 anos e 3 meses de formação, a alferes Maria Margarida Lopes tornou-se assim, na 9.ª mulher piloto-aviador da história da Força Aérea e a quinta mulher atualmente no ativo.

“Foi um curso longo, que implicou vencer muitas dificuldades e desafios, pelo que hoje ao receber o brevet sinto uma sensação de alívio, de realização e de muito orgulho pelo que alcancei”, diz-nos a nova piloto-aviador da Força Aérea Portuguesa.

Nesta entrevista, a piloto-aviador Entroncamentense fala-nos de como enfrentou os desafios difíceis que encontrou, desde logo no ingresso no curso, de que foi um de 9 selecionados e a única mulher entre os 8 que concluíram este mês o curso.
Um trajeto em que Maria Lopes contou sempre com o apoio incondicional dos pais e do irmão. “Qualquer que fosse a profissão que eu escolhesse, sei que eles iriam receber a minha decisão de braços abertos, e contei sempre com o seu apoio”, afirma.

Maria Margarida Lopes encara o facto de haver tão poucas mulheres pilotos-aviadores na Força Aérea como uma consequência de só em 1988 a Força Aérea Portuguesa ter aberto portas às mulheres. Desde então apenas 9 mulheres, contando com Maria Lopes, conquistaram o brevet de piloto-aviador e só há 5 atualmente no ativo.
“No meu curso eramos 9 inicialmente e apenas uma mulher. Historicamente, a Força Aérea é um meio predominantemente masculino, o que constituiu um desafio inicialmente, porque de facto os homens e as mulheres não são iguais. Desenvolvi estratégias para lidar com as situações e os desafios diário e confesso que gosto bastante”, afirma-nos.
Na sua opinião, “a especialidade de piloto exige um conjunto de competências, capacidades e habilidades que são tendencialmente mais masculinas, mas podemos desenvolver essas competências, através do foco, da concentração e da capacidade de trabalho”.

Maria Lopes considera que “o curso é exigente na parte física, mas mais exigente ainda psicologicamente, obrigando a saber lidar com o stress, a ser desenrascado perante os imprevistos, a fazer várias coisas em simultâneo, a ser capaz de manter o foco, a concentração e a resiliência sob situações de grande tensão e pressão”.
No último ano e meio, decorreu o tirocínio do curso na Base Aérea de Beja, em que Maria Lopes aprendeu a pilotar ao comando de um Epsilon, aeronave com caraterísticas similares às de um pequeno avião de caça convencional.
Quanto ao futuro, a alferes Maria Lopes afirma que ainda não lhe foi atribuída uma missão, pelo que estão abertas as possibilidades de trabalhar na instrução, nos helicópteros ou no transporte.

“Independentemente de para onde for, sou o tipo de pessoa que vai adaptar-se muito bem seja qual for o trabalho que me derem, pois sei que escolhi a profissão certa e que este é o caminho que quero, por isso sei que independentemente do tipo de aeronave, sei que irei estar bem”, conclui Maria Lopes.
Ouça aqui a entrevista no podcast do Mais Ribatejo: