O secretário-geral do PS prometeu hoje que, mesmo com maioria absoluta, dialogará com todos os partidos parlamentares, manterá a cooperação institucional com o Presidente da República, e sustentou que os portugueses mostraram “cartão vermelho” à crise política.
Estas garantias foram transmitidas por António Costa no discurso de vitória nas eleições legislativas – um triunfo que, tudo indica, será com maioria absoluta na Assembleia da República.
“Os portugueses mostraram um cartão vermelho a qualquer crise política, desejam estabilidade, com certeza, segurança e um Governo do PS para os próximos quatro anos”, afirmou.
A seguir, o secretário-geral do PS disse que interpretará a vitória com “um voto de confiança, uma enorme responsabilidade pessoal no sentido de promover os consensos necessários na Assembleia da República, em sede de concertação social e no conjunto da sociedade portuguesa”.
“Uma maioria absoluta não é o poder absoluto, não é governar sozinho”, acentuou, antes de falar no papel do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e no seu objetivo de manter a cooperação institucional.
Costa diz que após indigitação promoverá reuniões com todos os partidos exceto o Chega
O líder socialista anunciou hoje que, depois de indigitado pelo Presidente da República, irá promover reuniões com todos os partidos exceto o Chega, afirmando que a sua maioria “será necessariamente uma maioria de diálogo”.
“Quando for indigitado pelo senhor Presidente da República, promoverei reuniões com todas as forças políticas, com a exceção daquela que disse que não faz sentido consumir tempo de diálogo”, afirmou António Costa, referindo-se ao Chega.
O secretário-geral do PS falava no piso -1 no Hotel Altis, na rua Castilho, em Lisboa, tendo anunciado que, “sem estarem apurados os círculos eleitorais da emigração”, o PS “terá eleito entre 117 e 118 deputados nos círculos eleitorais do continente e das duas regiões autónomas”.
“Esta será necessariamente uma maioria de diálogo. Em democracia, ninguém governa sozinho. Nós queremos governar para todas e com todas as portuguesas e portugueses e, naturalmente, com aqueles que os representam na sua pluralidade na Assembleia da República”, frisou.
António Costa referiu que entende que é “dever” do PS, “agora acrescido pela responsabilidade que os portugueses” lhe deram, manter “aberto e ativo” o diálogo com os restantes partidos “ao longo de toda a legislatura”.
Costa “emocionado” por vitória após seis anos de Governo e dois de covid-19
O líder socialista afirmou hoje que, depois de seis anos de Governo e dois de luta contra a pandemia da covid-19, é com “muita emoção” que irá assumir a “responsabilidade” que os portugueses lhe confiaram.
“Depois de seis anos do exercício de funções como primeiro-ministro, depois dos últimos dois anos num combate sem precedentes contra uma pandemia, é com muita, muita emoção que assumo esta responsabilidade que os portugueses hoje me confiaram”, disse.
O líder socialista fazia a sua declaração de vitória no piso -1 do Hotel Altis, na rua Castilho, em Lisboa, com os militantes na sala a agitarem bandeiras do PS e da JS e a gritarem “vitória, vitória”, e “Costa, amigo, o povo está contigo”.
António Costa disse que se trata de uma noite “muito especial” para si e “seguramente para todos” os socialistas.
“Esta foi uma vitória da humildade, da confiança e pela estabilidade”, afirmou António Costa.
Costa diz que vai ser “o primeiro garante” de que maioria PS não pisa o risco
O secretário-geral do PS procurou hoje afastar os riscos democráticos da maioria absoluta socialista na próxima legislatura, dizendo que ele próprio será “o primeiro garante” que de não se pisará o risco no exercício do poder.
Esta posição foi transmitida por António Costa no período de respostas a perguntas dos jornalistas, depois de ter obtido a maioria absoluta nas eleições legislativas de domingo.
Questionado se mantém a declaração de que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não permitirá que o PS, com maioria absoluta, pise o risco no exercício do poder, António Costa respondeu: “O primeiro garante de que não pisaremos o risco sou eu próprio”, declarou.
Em relação a Marcelo Rebelo de Sousa, o líder socialista disse esperar que “continue a exercer o seu mandato presidencial e as suas competências próprias nos temos da Constituição, como tem habituado os portugueses a fazer”.
“E como os portugueses ainda há um ano renovaram a confiança no senhor Presidente da República para continuar a exercer. Não havemos de esperar outra coisa com certeza”, disse.
Neste contexto, o secretário-geral do PS disse que manterá “sempre um diálogo permanente no quadro institucional da Assembleia da República e de solidariedade institucional com o Presidente da República”.
“Eu acho que, se há coisa que os portugueses têm registado, é que creio que nunca houve um período tão longo da nossa história onde o relacionamento entre Presidente da República, Assembleia da República e Governo tenha sido não só tão pacífico, tão construtivo como aquele que tem existido nos últimos seis anos”, sustentou.
Depois, em termos de linhas política, António Costa referiu que o PS tem um programa.
“Naturalmente vamos ser fiéis ao programa, vamos ser fiéis a todos os compromissos que assumimos até agora, e iremos cumpri-los um a um, designadamente aqueles que constavam do Orçamento do Estado para 2022. Compromissos que eu repetidamente referi durante a campanha eleitoral que iríamos implementar e que iremos implementar”, acrescentou.