Dizia eu aqui pouco antes de em março de 2020 tomarmos consciência de que a pandemia Covid era uma realidade e iria constituir uma mudança radical nas nossas vidas: “a preocupação só por si não nos leva a lado nenhum, nada resolve. E, na maior parte das vezes, bloqueia-nos a solução dos problemas que a têm, por nos inibir de ter um raciocínio mais fluido”.
Muitas vezes, para não dizer quase sempre, preocupamo-nos com o passado, coisa que obviamente não podemos alterar. Outras, também muitas, preocupamo-nos com o presente, quando as mais das vezes não é por isso que decidiremos melhor, pelo contrário. E gastamos o resto do tempo a preocupar-nos com um futuro que vemos quase sempre como negro, futuro esse que quase nunca vai chegar da forma terrífica como o imaginámos.
Se estava nessa altura parcialmente errado ao falar num “futuro que quase nunca vai chegar da forma terrífica como o imaginámos”, porque o futuro já próximo nessa altura veio bem pior do que certamente esperaríamos, o que é facto é que mais uma vez se provou e confirmou que não vale a pena fixarmo-nos e vidrarmos-nos em preocupações com possíveis males que por aí supostamente virão, pois a vida encarrega-se de nos trocar as voltas como nessa altura aconteceu – esta ainda presente pandemia não era certamente o mal previsível que nos poderia uns meses antes aterrorizar os sonhos!
E como se esta situação pandémica não chegasse por si só para nos ensinar que os males e os bens do futuro não estão aí à disposição para serem por nós antecipadamente conhecidos, veio agora uma guerra entre povos com caraterísticas de barbárie que não julgaríamos certamente possíveis quanto mais prováveis no século XXI , sobretudo numa zona do planeta Terra das ditas de mais civilizadas e desenvolvidas: a Europa.
Não quero com isto dizer que devamos ser uns despreocupados militantes, daqueles que se estão borrifando para tudo e para todos, nada disso. Claro que temos de prever o possível, pensar, projetar, fazer por agir da melhor forma, fazer por resolver os problemas da vida que se nos põem. Mas isso não é preocupação, é ação!
Francisco Mendes