O Governo alemão declarou 40 diplomatas russos da embaixada de Berlim “persona non grata”, instando-os a deixar o país, informou hoje a ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock.
De acordo com um comunicado da diplomacia alemã, os diplomatas russos visados são pessoas que “trabalham dia a dia contra a nossa liberdade e contra a nossa coesão social”, representando um regime de “incrível brutalidade”, como ficou provado pelas imagens de crimes de guerra cometidos na cidade ucraniana de Busha.
Hoje, a Lituânia também já tinha anunciado a expulsão do embaixador da Rússia e o encerramento do consulado russo na cidade lituana de Klaipeda, em resposta às ações militares de Moscovo na Ucrânia.

Rússia convoca reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre Busha
A Rússia convocou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir o que chamou de “provocações odiosas” da Ucrânia, que denunciou o assassínio de civis por tropas russas em Busha.
“À luz das provocações odiosas dos radicais ucranianos em Busha, a Rússia solicitou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira, 04 de abril”, escreveu na rede social Twitter o vice-embaixador da Rússia na ONU, Dimitri Poliansky.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou no domingo os líderes russos de ordenar “tortura e assassínios” em Busha, na região de Kiev, onde foram encontradas valas comuns e centenas de corpos de civis.
A Rússia negou que as tropas tenham matado civis em Busha e assegurou que todas as fotografias e vídeos publicados pelo Governo ucraniano são “uma provocação”.
A ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, criticou a decisão da Rússia.
“A Rússia está a recorrer ao mesmo cenário da Crimeia e de Alepo [na Síria]: forçada a defender o indefensável, a Rússia exige uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para fingir indignação”, escreveu no Twitter.
“Ninguém acredita nisso”, acrescentou a atual chefe da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.
UE vai avançar com mais sanções à Rússia devido a atrocidades
A União Europeia (UE) vai começar a preparar, com urgência, novas sanções à Rússia, anunciou hoje o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, num comunicado em que condena “as atrocidades” cometidas pelas tropas russas na Ucrânia.
“A UE continua a apoiar firmemente a Ucrânia e começará, com caráter de urgência, a preparar novas sanções à Rússia”, disse o Alto Representante para a Política Externa do bloco.
Bruxelas, acrescentou, “condena com a maior veemência as atrocidades que terão sido cometidas pelas forças armadas russas em várias cidades ucranianas que foram agora libertadas”.
Borrell referiu ainda que “os massacres cometidos em Busha e outras cidades ucranianas serão inscritos na lista de atrocidades cometidas em solo europeu”, acrescentado que as imagens dos civis mortos e da destruição “mostram a verdadeira face da brutal guerra de agressão russa”.
A organização dos direitos humanos Human Rights Watch denunciou, no domingo, que nas zonas da Ucrânia sob controlo russo foram feitas “execuções sumárias”, entre outros “abusos graves” que podem configurar crimes de guerra.
A retirada das tropas russas do norte de Kiev permitiu ver indícios de alegadas execuções sumárias de várias centenas de civis no subúrbio de Busha e noutras áreas.
A Ucrânia acusou a Rússia de genocídio, alegando ter encontrado os corpos de 410 civis na região de Kiev, atualmente sob controlo ucraniano.
Na cidade de Busha, a noroeste da capital ucraniana, cerca de 300 pessoas foram enterradas em valas comuns, de acordo com as autoridades ucranianas.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.417 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.038, entre os quais 171 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
EUA tentam suspender Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU
Os Estados Unidos vão procurar a “suspensão” da Rússia do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, depois de dezenas de cadáveres de civis terem sido encontrados na cidade ucraniana de Busha, anunciou hoje a embaixadora norte-americana na ONU.
“Não podemos permitir que participe do Conselho de Direitos Humanos da ONU um estado-membro que está a minar todos os princípios que são importantes para nós”, disse a embaixadora norte-americana na Organização das Nações Unidas (EUA), Linda Thomas-Greenfield, na rede social Twitter.
A diplomata dirigiu-se aos 140 países que “já votaram para condenar” a invasão russa da Ucrânia: “as imagens de Busha e a devastação em toda a Ucrânia obrigam-nos a falar agora”.
“Em estreita coordenação com a Ucrânia e outros estados-membros e parceiros da ONU, os Estados Unidos trabalharão para suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU”, acrescentou Linda Thomas-Greenfield, atualmente em visita à Roménia.
“A Rússia não pode usar o seu assento no Conselho como uma ferramenta de propaganda para sugerir que tem uma preocupação legítima com os direitos humanos”, acrescentou.
Dezenas de civis mortos foram encontrados em Busha, uma cidade a 60 quilómetros de Kiev, espalhados na rua, nalguns casos com as mãos amarradas nas costas e atirados em valas comuns, tendo as autoridades ucranianas e os seus aliados acusado os soldados russos de terem cometido esses crimes.
Moscovo rejeitou em absoluto qualquer responsabilidade e disse que foi feita uma encenação por Kiev.
Algumas imagens foram mostradas depois de as autoridades terem admitido estarem a fazer vídeos para documentar provas dos alegados crimes de guerra, provocando uma condenação internacional quase unânime.
O conselheiro do Presidente ucraniano Oleksiy Arestovych considerou as imagens como uma “cena de um filme de terror”, referindo que algumas pessoas estavam amarradas e baleadas na cabeça e que os corpos mostravam sinais de tortura, existindo ainda relatos de violações.
Provas de massacres em Busha e Kiev têm de ser preservadas – ONU
A alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos defendeu hoje que sejam preservadas todas as provas dos aparentes massacres de civis na cidade ucraniana de Busha e nos arredores de Kiev, a fim de se estabelecerem responsabilidades.
“As informações que estão a surgir desta zona e de outros lugares levantam questões sérias e preocupantes sobre possíveis crimes de guerra e graves violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos”, sublinhou Michelle Bachelet, em comunicado hoje divulgado.
Admitindo “estar horrorizada” com as imagens dos cadáveres nas ruas de Busha, a alta-comissária referiu ser necessário que “todos os corpos sejam exumados e identificados” para permitir informar as famílias das vítimas e determinar as causas exatas da morte.
Dezenas de civis mortos foram encontrados em Busha, uma cidade a 60 quilómetros de Kiev, espalhados na rua, nalguns casos com as mãos amarradas nas costas e atirados em valas comuns, tendo as autoridades ucranianas e os seus aliados acusado os soldados russos de terem cometido esses crimes.
Moscovo rejeitou em absoluto qualquer responsabilidade e disse que foi feita uma encenação por Kiev.
Algumas imagens foram mostradas depois de as autoridades terem admitido estarem a fazer vídeos para documentar as evidências dos alegados crimes de guerra, provocando uma condenação internacional quase unânime.
O conselheiro do Presidente ucraniano Oleksiy Arestovych considerou as imagens como uma “cena de um filme de terror”, referindo que algumas pessoas estavam amarradas e baleadas na cabeça e os corpos mostravam sinais de tortura, existindo ainda relatos de violações.
“É vital realizar uma investigação independente e eficaz” sobre o que aconteceu em Busha, sublinhou a alta-comissária da ONU.
A Ucrânia já tinha acusado a Rússia de cometer um “massacre deliberado” em Busha e outros “horrores” nas regiões que, entretanto, foram libertadas.
“Isto está a acontecer na Europa e no século XXI”, sublinhou, no domingo, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sublinhando que “toda a nação está a ser torturada”.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.276 civis, incluindo 115 crianças, e feriu 1.981, entre os quais 160 crianças, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4,21 milhões de refugiados para os países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.