A capa da revista do Expresso (1 de Abril) mostra o Homem que acreditou ser possível transpor o muro da opressão para a liberdade, acolhendo todos os portugueses sem distinção de raças, credos, ideologias e modos de vida. Este Homem chamava-se Fernando Salgueiro Maia, alentejano de Castelo de Vide, morador em Santarém, oficial nato da e na Escola Prática de Cavalaria.
A sua épica participação no 25 de Abril correu e corre Mundo, os episódios de inveja, de intriga e de tentativa de assassinato político nem todos os conhecem como a grotesca perseguição de que foi alvo por parte de ortodoxos cuja desfaçatez chega ao ponto de agora perorarem sobre ele esquecendo o espiarem a todo o tempo, de um deles ter sido encurralado num beco de modo a cessar a espionagem ao vislumbrar a pistola na mão de Salgueiro Maia, desaparecendo num relâmpago. Após a morte do inditoso grande Capitão sem um pingo de vergonha na cara mostra-se por alturas das comemorações da gloriosa efeméride.
O legado de Salgueiro Maia é dos portugueses, infelizmente muitos não o conhecem, a culpa não é deles, é dos ciumentos dos decisores políticos, é da anomia cívica de quem já não se recorda ou nunca viveu de baixo do garrote do pensamento único, da acção da polícia política, da famigerada delação e repressivas leis repressivas. Se estas comemorações tiverem o condão de concitarem a atenção dos jovens para o significado/significante do 25 de Abril já é lucro de cidadania a salientar.
Armando Fernandes