A greve de hoje na Monliz, do grupo Ardo, em Alpiarça, Santarém, regista uma adesão de cerca de metade dos 120 trabalhadores da empresa de produtos alimentares, segundo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Indústria Alimentar (STIAC).
“Tivemos uma adesão à greve de cerca de 60 trabalhadores”, que corresponde a metade do total de trabalhadores, disse à Lusa o dirigente sindical Marcos Rebocho.
Segundo o sindicalista, durante o turno da noite a fábrica esteve a laborar a 50% e no turno do dia esteve “completamente parada” devido à greve.
A produção, nomeadamente os serviços da manutenção e embalagem, foi a mais afetada pela greve na Monliz, empresa de produtos alimentares do grupo Ardo dedicada à congelação de frutos e produtos hortícolas.
Os trabalhadores reivindicam a negociação do contrato coletivo de trabalho para a indústria do frio e o cumprimento dos horários de laboração contínua, nomeadamente dois dias de folga consecutivos e um fim de semana por mês.
Exigem ainda “aumentos salariais dignos” e “o fim da discriminação salarial” que dizem existir na empresa, bem como a progressão na carreira.
PCP saúda a greve dos trabalhadores da Monliz
Em comunicado, a Direcção da Organização Regional de Santarém (DORSA) do PCP saúda da greve dos trabalhadores da empresa Monliz, no concelho de Alpiarça, que teve início ontem às 22h e que terminará hoje, 10 de agosto, pelas 24h.
“Esta ação de luta, convocada pelo STIAC / CGTP-IN e que se centrou nas justas reivindicações de aumentos salariais e o fim da discriminação salarial, negociação do Contrato Coletivo de Trabalho para a Indústria do Frio (sem qualquer actualização desde 2003), pela regulamentação dos horários de trabalho (com o direito a dois dias de folga consecutivos e pelo menos um fim de semana por mês), pelo fim da precariedade e o direito a progressão na carreira, entre outras, demonstrou a firme determinação dos trabalhadores daquela empresa, aos quais se juntam muitos outros que também se encontram em processos de luta pela defesa dos seus direitos”, refere o PCP.
A DORSA do PCP, que esteve presente nesta ação insiste que “é urgente e necessário para o povo e para o desenvolvimento do país dar resposta à perda do poder de compra que se agrava cada vez mais e o aumento de salários, rendimentos e direitos dos trabalhadores”.
O PCP relembra que “a Legislação Laboral foi uma das áreas a que foi dada uma particular atenção pela bancada comunista logo nos primeiros dias da legislatura. Várias foram as iniciativas dirigidas ao aumento dos salários, nomeadamente o aumento do salário-mínimo
nacional para 850 euros a breve trecho, ao combate à precariedade laboral, ao reforço dos direitos dos trabalhadores em regime de trabalho noturno e por turnos, à reposição dos valores de pagamento do trabalho suplementar, à reposição do princípio do tratamento mais favorável do trabalhador, à eliminação da caducidade da contratação coletiva, à alteração do regime do despedimento coletivo e do despedimento por extinção do posto de trabalho e do despedimento por inadaptação, à reposição dos montantes e regras de cálculo nas compensações por cessação do contrato de trabalho, à revogação dos mecanismos de desregulação dos horários de trabalho, à limitação do recurso ao trabalho temporário e à redução para 35 horas do limite máximo do horário semanal de trabalho para todos os trabalhadores”.
A DORSA do PCP reafirma a sua “solidariedade com os trabalhadores da Monliz e apela a todos os trabalhadores do distrito para que se unam e lutem na defesa dos seus direitos”.
Bloco de Esquerda solidário com os grevistas
O BE marcou presença na concentração e na sua intervenção saudou a “coragem de trabalhadores e trabalhadoras”.
“A precariedade, o incumprimento de folgas, as escalas impeditivas de uma vida familiar saudável e os baixos salários em linha com o salário-mínimo, são algumas dos motivos mais fortes para esta luta de quem ali trabalh”, refere o BE em comunicado.
Para o BE, “a luta da Monliz é mais um grito de alerta para a premência de aumentar salários e alterar as leis laborais”.
O BE critica “a recusa do Governo em impor taxas sobre os lucros excessivos dos grandes grupos económicos, as alterações a favor do patronato na Agenda do Trabalho Digno (ao contrário das promessas eleitorais do primeiro-ministro) e a recusa em retirar a troika das leis laborais”.
C/LUSA