Salman Rushdie, cujo romance “Os Versos Satânicos” motivou a sua condenação à morte pelo aiatola do Irão na década de 1980, foi esfaqueado no pescoço e no abdómen na sexta-feira por um homem que subiu ao palco quando o autor estava a dar uma palestra numa localidade no oeste do estado de Nova York.
Salman Rushdie, de 75 anos, foi transportado de helicóptero para um hospital onde foi submetido a uma cirurgia, após o que ficou internado ligado a um ventilador. Segundo o agente do escritor, Rushdie sofreu graves lesões no fígado danificado, num braço e num olho que provavelmente perderá.
Um repórter da Associated Press testemunhou o agressor a confrontar Rushdie no palco e esfaqueá-lo ou socá-lo de 10 a 15 vezes enquanto o autor estava a ser apresentado.
O moderador do evento Henry Reese, de 73 anos, cofundador de uma organização que oferece residências para escritores que enfrentam perseguição, também foi atacado. Reese sofreu uma lesão facial.
A polícia identificou o agressor como Hadi Matar, 24, de Fairview, Nova Jersey. O agressor foi detido na Chautauqua Institution, um centro educacional e resort sem fins lucrativos onde Rushdie deveria falar. Hadi Matar nasceu uma década após a publicação de “Os Versos Satânicos”.
O motivo do ataque não foi esclarecido, segundo a polícia.
O romance de Rushdie de 1988 foi visto como uma blasfêmia por muitos muçulmanos, que viam um personagem como um insulto ao profeta Maomé, entre outras objeções. O livro foi proibido no Irão, onde o falecido líder Grande Aiatolá Ruhollah Khomeini emitiu uma fatwa (édito) em 1989, pedindo a morte de Rushdie, pela qual há uma recompensa de 3 milhões de dólares.
Numa palestra em 2012 em Nova York Salman Rushdie disse que o terrorismo é realmente a arte do medo. “A única maneira de derrotá-lo é decidindo não ter medo”, disse.