Cerca de 40 professores estão concentrados junto à Escola Básica e Secundária de Ourém, onde o Presidente da República dá hoje uma aula debate, ao segundo dia de uma greve por tempo indeterminado.
No local, onde pelas 10:30 estavam cerca de quatro dezenas de docentes, tarjas exibem frases como “Dignificar a profissão docente” e “Professores a lutar também estão a ensinar”.
Os docentes trazem ao peito um laço de cor preta com a inscrição “Estou em protesto”.
À Lusa, o professor João Filipe Oliveira explicou que o que move os docentes é o desejo de “tratamento profissional justo, dignificação da profissão e garantias de qualidade do ensino”.
“Há muitos assuntos que têm sido sistematicamente recusados pela tutela e que são de uma emergência, como a recuperação do tempo de serviço, a avaliação sem quotas ou a entrada dos professores contratados”, declarou.
Outra professora lamentou o “desrespeito pela escola pública com tudo o que isso acarreta, como professores desmotivados”.
Com 63 anos e 43 de profissão, esta docente considera existir um “desinvestimento constante na educação dos jovens, aos quais a escola cada vez menos atrai”.
A aula debate de Marcelo Rebelo de Sousa está prevista iniciar às 11:00.
O Sindicato de Todos os Professores (S.TO.P.) convocou uma greve por tempo indeterminado, desde 09 de dezembro, em protesto contra as propostas de alteração aos concursos e para exigir respostas a problemas antigos.
Em comunicado, o sindicato, que representa cerca de 1.300 docentes, refere que a “forma de luta inédita” resulta de uma sondagem realizada no blogue ArLindo, em que 1.720 pessoas apoiaram a realização de uma greve por tempo indeterminado.
Entre as principais reivindicações, o S.TO.P. aponta “questões fundamentais do passado não resolvidas”, defendendo, desde logo, a contabilização de todo o tempo de serviço, o fim das vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões e a possibilidade de aposentação sem penalização após 36 anos de serviço.
Critica também as alterações recentes ao regime de mobilidade por doença, as ultrapassagens na progressão da carreira docente e reivindica soluções para os professores em monodocência e uma avaliação sem quotas.
A greve é igualmente uma resposta às propostas do Ministério da Educação para a revisão do regime de recrutamento e mobilidade do pessoal docente, que está a ser negociada entre a tutela e os sindicatos do setor.