Cerca de 500 mil pessoas são esperadas em Fátima no sábado de manhã para receber o Papa Francisco, no começo do quinto dia da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), disse hoje o presidente da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque.
Segundo o autarca, quer o Santuário de Fátima, quer a GNR, apontam para esse número.
“Não sabemos se irá ser ultrapassado ou não. A expectativa é essa. Vamos aguardar para ver se se confirmam esses valores ou se ainda são aumentados, porque, menos do que isso, acho que vai ser difícil”, frisou Luís Albuquerque, em declarações à agência Lusa.
No início de julho, a Câmara de Ourém, no distrito de Santarém, anunciou a criação de novos parques de estacionamento e de acampamento, a instalação de bebedouros e o reforço da recolha de resíduos por causa da JMJ.
“Está tudo a correr dentro daquilo que tínhamos perspetivado”, garantiu Luís Albuquerque, explicando que existem “diversos piquetes em permanência em Fátima”.
O planeamento para criar as condições de acolhimento dos peregrinos da JMJ começou em agosto de 2022, com um grupo restrito de entidades (Câmara, Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, Guarda Nacional Republicana, Junta de Freguesia de Fátima, Santuário de Fátima e Associação Empresarial Ourém/Fátima).
O grupo alargado inclui, além destas entidades, as empresas BeWater, Tejo Ambiente, Suma, operadoras de telecomunicações, Rodoviária, Infraestruturas de Portugal, CP, E-Redes, Valorlis, Águas do Centro Litoral e Brisa.
Em julho, o autarca tinha estimado 200 mil pessoas diariamente em Fátima no âmbito da JMJ (número que aumentaria no sábado, com a deslocação do Papa).
“Houve dias em que isso aconteceu, mas não foram os dias todos”, referiu hoje à Lusa, explicando que os grupos que se deslocam de autocarro “estão pouco tempo em cada local, rodam muito”.
“Isso facilita muito toda a operação logística”, sublinhou.
Luís Albuquerque mostrou-se convencido de que a visita de Francisco a Fátima, onde rezará pela paz e pelo fim da guerra na Ucrânia e recitará o terço, atrairá mais pessoas à Cova da Iria.
“Irá trazer mais pessoas a Fátima não só nesta altura, mas também nos próximos anos, porque a ida de Sua Santidade a qualquer lugar reflete-se não só no próprio dia, ou nos próprios dias, mas também nos dias e nos anos seguintes”, sublinhou.
A operação instalada em Ourém “está montada até ao dia 15 de agosto a prever já este maior afluxo de pessoas” nos próximos dias, acrescentou.
A JMJ, que está a decorrer desde terça-feira, em Lisboa, é considerado o maior evento da Igreja Católica e realiza-se pela primeira vez em Portugal, sendo esperadas mais de um milhão de pessoas.
O Papa chega a Fátima no sábado, às 08:50, e viaja de novo para Lisboa, onde chegou na quarta-feira, às 11:00.
Apelo à paz esperado em Fátima como na visita do Papa em 2017
A visita do Papa Francisco a Fátima na manhã de sábado acontece pouco mais de seis anos após a primeira deslocação que fez à Cova da Iria, para canonizar Jacinta e Francisco Marto.
Perante um mar de gente que enchia então o recinto do santuário, Francisco, logo na noite da chegada para a visita pastoral de menos de 24 horas, fez apelos à “paz e concórdia entre os povos”, pedindo a “Nossa Senhora, que, no mais íntimo do Seu imaculado coração”, veja “as dores da família humana que geme e chora neste vale de lágrimas”.
“Seremos, na alegria do Evangelho, a Igreja vestida de branco, da alvura branqueada no sangue do cordeiro derramado ainda em todas as guerras que destroem o mundo em que vivemos”, disse Francisco, na oração proferida na noite de 12 de maio, após um momento de recolhimento frente à imagem da Virgem de Fátima.
As preocupações com a guerra também deverão marcar a intervenção de Francisco na Capelinha das Aparições na manhã de sábado, em especial o conflito na Ucrânia.
Num texto publicado em julho, o diretor editorial dos media do Vaticano, Andrea Tornielli, considerou que a ida do Papa a Fátima está ligada “à tragédia da guerra que atormenta a ‘martirizada Ucrânia’”.
Aquele responsável sublinhou que o gesto de Francisco “pode ser ligado diretamente a outro que ele realizou, pouco mais de um mês após o início da guerra: a consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, realizada em São Pedro, em 25 de março de 2022”.
“A consagração da Rússia, aliás, foi pedida pela aparição na mensagem aos pastorinhos de Fátima. Há 16 meses, Francisco rezou assim: ‘Perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões que morreram nas guerras mundiais. Desconsideramos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a trair os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens”, recordou Tornielli no texto divulgado no portal Vatican News.
Há seis anos, e estando em Fátima, exortou os cristãos a serem, antes de mais, “marianos”.
“Com Cristo e Maria permaneçamos em Deus”, afirmou.
Já na homília de dia 13 de maio, Francisco apontou os dois novos santos – Jacinta e Francisco Marto – como “um exemplo”, considerando que “a força para superarem contrariedades e sofrimentos lhes foi dada pela Virgem Maria, presença constante nas suas vidas”.
O Papa Francisco é esperado no Santuário de Fátima na manhã de sábado, para uma visita de cerca de duas horas, à margem do programa oficial da sua deslocação para a Jornada Mundial da Juventude, que encerra no domingo, em Lisboa.
Francisco viaja de Lisboa para Fátima num helicóptero da Força Aérea Portuguesa, estando a chegada prevista para as 08:50, regressando à capital às 11:00.