Este ano, mais cedo do que o normal, quem sabe sinal das alterações climáticas, o povo do Alcorriol, anda numa azáfama na apanha da azeitona debaixo dum impiedoso sol que nada combina com tão outonal tarefa.
Pela primeira vez, a Associação Cultural e Recreativa da aldeia quis envolver pessoas de fora naquela que, porventura, será a última atividade agrícola a que toda a aldeia ainda se dedica, recebendo assim os seus primeiros “olivoturistas” no passado sábado, dia 7 de outubro.“A ideia surgiu em maio, durante a semana da Energia da EDP realizada na nossa aldeia, quando nos apercebemos que muitas pessoas que vivem na cidade não conheciam o processo da apanha da azeitona e da produção do azeite” refere Gonçalo Cavalheiro da ACRA.
“Havendo um vizinho que produz o azeite na sua própria casa, sabíamos que tínhamos todas as condições para oferecer uma experiência completa na nossa aldeia” conclui.
O programa começou de manhã, com o encontro marcado na fazenda onde duas velhas oliveiras carregadas de azeitona sã, sem terem tido qualquer tipo de cura, aguardavam para serem “ripadas”. Apanhada a azeitona, sem recreações de como se fazia antigamente, usando exatamente as mesmas técnicas que dezenas dos nossos vizinhos estavam a usar à mesma hora nos seus olivais, foi levada para o lagar doméstico de um dos moradores da aldeia!
No lagar caseiro, a azeitona é limpa, lavada, triturada e o azeite é extraído a frio! Um processo barulhento, mas que encantou os visitantes que esperaram ansiosamente durante uma hora para ver o primeiro fio de azeite escorrer da bica.
“A experiência foi um sucesso… sendo a nossa primeira, há arestas para limar, mas temos a certeza que para o ano vamos repetir…. Assim haja azeitona!” vaticina Gonçalo Cavalheiro, referindo que esta é mais uma atividade que resulta do Plano de Desenvolvimento do Alcorriol, co-criado pelos moradores da aldeia em 2022.