A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) recomendou hoje aos cidadãos que evitem deslocações desnecessárias na quinta-feira devido à previsão de chuva e vento forte, consequência da passagem da depressão Aline pelo continente.
Em conferência de imprensa, o segundo comandante da ANEPC, Miguel Cruz, disse que vão ser enviados ainda hoje SMS de alerta à população para o agravamento do estado do tempo a partir de hoje, mas sobretudo na quinta-feira.
Estamos particularmente preocupados com o potencial de tempo extremo nos distritos de #Lisboa/#Leiria/#Santarém, podendo afetar também, locais dos distritos de #Setúbal/#Coimbra/#Évora/#Portalegre, ao longo da madrugada e manhã. Estes locais poderão ser os mais impactados dia 19. pic.twitter.com/BudxiMAszJ
— BestWeather (@bestweather_) October 18, 2023
“Relativamente às deslocações, aquelas que forem possíveis de evitar deverão ser evitadas amanhã [quinta-feira]. Naturalmente, as questões relacionadas com os aspetos laborais devem ser vistas com as respetivas entidades patronais, caso a caso”, disse.
De acordo com Miguel Cruz, o nível de prontidão do dispositivo vai subir de amarelo para laranja, o segundo mais elevado, a partir das 00:00 de quinta-feira.
A proteção civil alertou que, para hoje, está previsto que a chuva comece no norte e centro e que na quinta-feira se alastre a todo território continental.
Na quinta-feira, a chegada da tempestade Aline “trará condições meteorológicas mais adversas do ponto de vista daquilo que será a probabilidade de ocorrência quer de inundações quer de quedas de estruturas e ventos”.
A ANEPC aconselhou “especial cuidado na circulação rodoviária” durante o dia de quinta-feira, “evitar a possibilidade de atravessar zonas inundadas e cuidado com a possibilidade de ocorrência de lençóis de água nas vias”.
Depois das muitas ocorrências verificadas na terça-feira relacionadas com o vento forte, a Proteção Civil destacou que estas situações poderão repetir-se na quinta-feira, “possivelmente com maior quantidade”, pelo que alerta para a necessidade de “garantir a total fixação das estruturas” para evitar a respetiva queda.
“Outro aspeto importante tem a ver com a agitação marítima e, portanto, todas as atividades relacionadas com o mar devem ser evitadas nesta altura, incluindo o estacionamento e o passeio na orla marítima, na medida em que os valores de agitação marítima serão elevados”, disse.
Também foi pedido aos serviços municipais especial cuidado “na verificação das condições de escoamento das linhas de água e das zonas urbanizadas”, tendo em conta as zonas mais vulneráveis, além do acompanhamento e manutenção das ocorrências.
Apesar das previsões de níveis de precipitação particularmente elevados se centrarem na quinta-feira, na região norte poderá ainda verificar-se alguma quantidade de precipitação na sexta-feira, “mas para valores mais normais”.
Ainda segundo a proteção civil, na terça-feira, aquando da passagem da depressão Babet, verificaram-se 2.060 ocorrências no continente, sobretudo relacionadas com queda de árvores e inundações de vias públicas, que não causaram vítimas.
No entanto, duas pessoas ficaram desalojadas e estão a ser acompanhadas pela proteção civil municipal no concelho de Castro Marim, devido problemas no telhado de uma residência, provocados pelo vento forte.
Portugal continental vai ser afetado pela depressão Aline, que transporta uma massa de ar quente, húmida e instável, que vai trazer precipitação forte e rajadas de vento que poderão superar os 100 quilómetros/hora e agitação marítima.
Devido à previsão de chuva e vento fortes, o IPMA emitiu aviso laranja para os 18 distritos do continente.
Condições meteorológicas adversas
PRECIPITAÇÃO INTENSA, VENTO E AGITAÇÃO MARÍTIMA FORTE – MEDIDAS PREVENTIVAS
AUTORIDADE NACIONAL DE EMERGÊNCIA E PROTEÇÃO CIVIL
SITUAÇÃO
De acordo com a informação meteorológica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), prevê-se, para as próximas 36 horas, precipitação forte e persistente, vento e agitação marítima forte, salientando-se:
− Precipitação forte e persistente a partir da tarde de hoje (18OUT), com possibilidade de exceder 40 mm numa hora e 60 mm em 6 horas, podendo acumular 60 a 90 mm em 24 horas no Minho e Douro-Litoral e na região Centro e 40 a 60 mm em 24 horas em grande parte do restante território;
− Vento muito forte com rajadas até 120 km/h nas regiões Centro e Sul;
− Agitação marítima forte, com ondas de 5 a 7 metros.
Acompanhe a informação meteorológica em www.ipma.pt
INFORMAÇÃO HIDROLÓGICA
Informação disponibilizada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA):
− Bacia Hidrográfica do Minho: não são expetáveis situações críticas;
− Bacia hidrográfica do Lima: na sub-bacia do rio Vez poderá haver aumento das afluências que poderão provocar inundações nas povoações ribeirinhas em Arcos de Valdevez;
− Bacia hidrográfica do Cávado: devido à previsão de forte precipitação, poderão ocorrer inundações urbanas em Braga;
− Bacia hidrográfica do Ave: na bacia do rio Ave (Santo Tirso) poderá ocorrer um aumento significativo das afluências;
− Bacia hidrográfica do Douro: nas sub-bacias do rio Tâmega (Amarante) e rio Sousa (Paredes) as afluências poderão ter um aumento de caudais, mas sem inundações fluviais;
− Bacia hidrográfica do Vouga: Está prevista precipitação elevada a montante de S. Pedro do Sul (Vouga), bem como a montante da cidade de Águeda (rio Águeda e rio Alfusqueiro), pelo que é expectável um aumento dos caudais nestas bacias hidrográficas;
− Bacia hidrográfica do Mondego: devido à previsão de forte precipitação, poderão ocorrer inundações urbanas;
− Bacia hidrográfica do Tejo: não são expectáveis situações críticas;
− Bacia hidrográfica do Sado: as precipitações na sub-bacia do Livramento são muito elevadas podendo ocorrer inundações em Setúbal.
Informação hidrológica em www.apambiente.pt
EFEITOS EXPECTÁVEIS
Os episódios típicos das estações de transição, com a ocorrência das primeiras chuvas acompanhadas de vento forte, são propícios:
− À ocorrência de inundações em zonas urbanas, causadas por acumulação de águas pluviais por obstrução dos sistemas de escoamento;
− A ocorrência de cheias, potenciadas pelo transbordo do leito de alguns cursos de água, rios e ribeiras;
− A originar instabilidade de vertentes, conduzindo a movimentos de massa (deslizamentos, derrocadas e outros) motivados pela infiltração da água, fenómeno que pode ser potenciado pela remoção do coberto vegetal na sequência de incêndios rurais, ou por artificialização do solo;
− À contaminação de fontes de água potável por inertes resultantes de incêndios rurais;
− Ao arrastamento para as vias rodoviárias de objetos soltos, ou ao desprendimento de estruturas móveis ou deficientemente fixadas, por efeito de episódios de vento forte, que podem causar acidentes com veículos em circulação ou transeuntes na via pública.
MEDIDAS PREVENTIVAS
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) recorda que o eventual impacto destes efeitos pode ser minimizado, sobretudo através da adoção de comportamentos adequados, pelo que, e em particular nas zonas historicamente mais vulneráveis, se recomenda a adoção das principais medidas preventivas para estas situações, nomeadamente:
− Garantir a desobstrução dos sistemas de escoamento das águas pluviais e retirada de inertes e outros objetos que possam ser arrastados ou criem obstáculos ao livre escoamento das águas;
− Garantir uma adequada fixação de estruturas soltas, nomeadamente, andaimes, placards e outras estruturas suspensas;
− Ter especial cuidado na circulação e permanência junto de áreas arborizadas, estando atento para a possibilidade de queda de ramos e árvores, em virtude de vento mais forte;
− Ter especial cuidado na circulação junto da orla costeira e zonas ribeirinhas historicamente mais vulneráveis a galgamentos costeiros, evitando a circulação e permanência nestes locais;
− Não praticar atividades relacionadas com o mar, nomeadamente pesca desportiva, desportos náuticos e passeios à beira-mar, evitando ainda o estacionamento de veículos muito próximos da orla marítima;
− Adotar uma condução defensiva, reduzindo a velocidade e tendo especial cuidado com a possível formação de lençóis de água nas vias;
− Não atravessar zonas inundadas, de modo a precaver o arrastamento de pessoas ou viaturas para buracos no pavimento ou caixas de esgoto abertas;
− Estar atento às informações da meteorologia e às indicações da Proteção Civil e Forças de Segurança.