Quinta-feira, Dezembro 7, 2023
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É possível deixar de fumar? É, e a sua saúde agradece

Desincentivar o tabaco é um fenómeno social, basta pensar na mais recente legislação, que procura cercear o fumo do tabaco em locais públicos, já que hoje está interdito em locais de trabalho, estabelecimentos de ensino e muito mais. Tudo começou por duas situações convergentes: uma geração que viu as anteriores adoecer gravemente por causa do tabaco e pela ascensão do direito a não ser molestado pelo fumo dos outros, hoje ninguém quer ser fumador passivo, sobretudo depois das revelações de que o fumo dos outros nos pode provocar doenças mortais.

A escola, também se tornou um espaço exemplificativo, vai ganhando corpo a divisa “o melhor é não fumar”, porque a alternativa ao vício do tabaco é dada pelas vantagens dos estilos de vida saudáveis. Nos meios de comunicação social, que outrora promoveram a imagem do fumador, onde as vedetas apareciam em público exibindo cigarreiras, boquilhas e isqueiros, agora o foco é mostrar as doenças que se abatem sobre o fumador. Aprender a deixar de fumar está, pois, na ordem do dia, mas a cessação tabágica depende de múltiplos fatores, passa pelos encarregados de educação ou por um processo de reflexão ou amadurecimento sobre o que se perde com o vício do tabaco. Como é sabido há indústrias que propõem alternativas, como sejam os cigarros eletrónicos, mas os profissionais de saúde orientam-se por outra estratégia. Recorde-se que o Plano Nacional de Saúde de 2020 tem entre os seus objetivos a redução da prevalência do consumo de tabaco na população com 15 ou mais anos. Em vez de melodramatizar, a pedagogia da prevenção tabágica recorda que o tabaco é a principal causa evitável de morbilidade e mortalidade no mundo. A prevalência dos fumadores em Portugal com 15 ou mais anos situar-se-á na atualidade entre os 15-20%, o sexo masculino vai na dianteira, mas a fasquia de fumadoras tem vindo a aumentar, já ultrapassou os 11%. O elemento mais dissuasor e que todos podem ver à volta é não só o cancro do pulmão como o agravamento das doenças respiratórias.

Há testes que são feitos nos locais da cessação tabágica para avaliar a dependência do tabagismo e para conhecer o grau de motivação para deixar de fumar. Informam-se os interessados que há tratamentos não farmacológicos e farmacológicos desde medicamentos de prescrição médica até substitutos da nicotina, em automedicação. A estratégia para a cessação tabágica deve contar com diferentes mobilizações: as escolas, os centros de saúde, a realização de rastreios de tabagismo, o papel pedagógico que deve caber às associações de doentes, sobretudo as que estão ligadas ao foro das doenças cardiorrespiratórias, à DPOC, ou à asma; igualmente, os profissionais de saúde são indispensáveis no desenvolvimento e na implementação de programas de educação para a saúde. Por exemplo, cabe ao farmacêutico um desempenho de grande importância: na dispensa de medicamentos, em reforçar a confiança do doente no seu médico, em ações pedagógicas nas escolas, ou mesmo em juntas de freguesia, ou em colaboração nas associações de doentes, tendo em consideração grupos de doentes com maior risco, é o caso de doentes com prescrições de: contracetivos orais, antidiabéticos, antiasmáticos, terapêutica para a DPOC, anti-hipertensores, antidislipidémicos.

Os meios de comunicação são igualmente uma alavanca para a cessação tabágica, dando informação sobre os tratamentos não farmacológicos e farmacológicos. É possível deixar de fumar para sempre, a preparação psicológica é determinante para o sucesso, há que alertar para o facto de um ex-fumador estar sujeito a recaídas, mas o discurso positivo de mudar de atitude face ao tabaco é o garante de uma vida com mais qualidade – não há melhor estratégia neste tempo em que à saúde é conferido o valor essencial da vida. Olhe, comece por conversar com o seu médico ou farmacêutico.

Mário Beja Santos

Mário Beja Santos
Mário Beja Santos
Toda a sua vida profissional, entre 1974 e 2012, esteve orientada para a política dos consumidores. Além da atividade funcional, foi representante associativo, tendo exercido funções no Comité Consultivo dos Consumidores, na Comissão Europeia, e na direção da Associação Europeia de Consumidores. Foi autor de programas televisivos e radiofónicos, bem como de dezenas de trabalhos no campo específico do consumo. Ao nível da sua participação cívica e associativa, mantém-se ligado à problemática dos direitos dos doentes e da literacia em saúde, domínio onde já escreveu algumas obras orientadas para o diálogo dos utentes de saúde com os respetivos profissionais, a saber Quem mexeu no meu comprimido?, 2009, e Tens bom remédio, 2013. Doente mas Previdente, dá continuidade a esta esfera de preocupações sobre a informação em saúde, capacitação do doente, o diálogo entre os profissionais de saúde, os utentes e os doentes. Colabora frequentemente com a imprensa regional e blogues, e exerce benevolato com associações de consumidores, como seu representante. Desde 2006 que se dedica igualmente a estudos sobre a colónia da Guiné portuguesa e a vida política na Guiné-Bissau, temas sobre os quais publicou uma dezena de livros.
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