O Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, iniciativa internacional do World Hospice and Palliative Care Day (WHPCD), é comemorada no segundo sábado do mês de outubro de cada ano.
O que são Cuidados Paliativos?
Os Cuidados Paliativos destinam-se a pessoas (crianças, adultos, idosos) em situação de sofrimento devido a doenças crónicas, graves e/ou incuráveis, bem como às suas famílias. Estas doenças podem ser muito diversas, como por exemplo: oncológicas (cancro), neurológicas degenerativas (Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson, Esclerose Lateral Amiotrófica, etc.), associadas à falência de órgãos (insuficiência cardíaca, respiratória, hepática, renal), infeciosas (fase avançada da SIDA), doenças genéticas ou congénitas incuráveis. São cuidados humanizados, focados na pessoa e não na doença.
Qual o seu objetivo?
Têm como objetivo promover o bem-estar, conforto e qualidade de vida, prevenindo e aliviando o sofrimento nas diversas dimensões: física, psicológica, social e espiritual.
Quem presta estes cuidados?
São equipas multidisciplinares constituídas por enfermeiros, médicos, psicólogos e assistentes sociais. Podendo ainda ter na sua constituição outros profissionais com fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes espirituais ou outros. Estas equipas possuem formação avançada nesta área, podendo prestar os seus cuidados nos hospitais (equipas intra-hospitalares de Cuidados Paliativos), nos domicílios (equipas comunitárias de Cuidados Paliativos) e em Unidades de Cuidados Paliativos ou similares.
Qual a situação dos Cuidados Paliativos em Portugal?
Em Portugal, estima-se que existem mais de 100 mil pessoas – entre crianças, jovens, adultos e idosos – a necessitarem de Cuidados Paliativos e, apesar do paulatino aumento dos recursos nesta área pelo território nacional, calcula-se que cerca de 70% dos portugueses com necessidades paliativas não têm acesso a este tipo de cuidados.

E qual a situação na área de influência do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da Lezíria?
Existem duas equipas:
A equipa intra-hospitalar de Cuidados Paliativos do Hospital de Santarém, que dá apoio aos doentes internados em regime de consultoria e tem consulta de ambulatório, para doentes não dependentes,
A equipa comunitária de Cuidados Paliativos do ACES Lezíria. Esta dá apoio aos doentes dependentes com necessidades complexas, de forma assistencial no concelho de Santarém e, em regime consultoria, presta suporte aos profissionais de saúde do ACES Lezíria e às Equipas/Unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados e lares.
Existem alguns mitos associados aos cuidados paliativos?
Sim, é verdade. É frequente considerar que este tipo de cuidados se destina apenas a doentes terminais – quando na realidade deve acompanhar o doente desde o diagnóstico da doença grave até à sua fase avançada e à morte.
É comum pensar-se que estes cuidados aceleram a morte – todavia, sendo o objetivo dos CP melhorar o conforto e a qualidade de vida, muitas vezes as pessoas a quem são garantidas respostas adequadas às suas necessidades, podem viver mais tempo e sobretudo com mais qualidade e dignidade.
Julga-se também que a dor é algo que faz parte do processo de doença grave e proximidade da morte – nem sempre acontece, mas se acontecer, há várias medidas farmacológicas e não farmacológicas que ajudam a controlar a dor.
O medo da morfina por se considerar que é administrada para acelerar a morte dos doentes, é um dos mitos mais comuns – todavia, quando administrada por equipas com formação e nas doses ajustadas são uma preciosa ajuda para controlar os sintomas (dor, falta de ar) e manter o doente confortável, não para acelerar o processo de morte.
Quanto à alimentação, muitos doentes em fim de vida deixam de comer porque não têm fome ou pelo desconforto que o alimento lhe pode provocar, tendo em conta os sintomas da fase avançada da sua doença- as pessoas morrem pelo processo de doença e não pelo facto de não comerem nos últimos dias de vida.
Frequentemente somos confrontados com a ideia de que falar sobre cuidados paliativos com o doente pode destruir a sua esperança. No entanto, esta não é a pretensão dos cuidados paliativos, mas sim, manter uma esperança realista, ajustada à realidade da pessoa.
Em resumo, os Cuidados Paliativos assumem com o doente e suas famílias o compromisso de não abandono, acompanhando e ajudando a minorar o sofrimento e contribuindo para melhorar o seu conforto e qualidade de vida. Como dizia Viktor Frankl, «o que destrói o Homem não é o sofrimento, mas o sofrimento sem sentido».
ECSCP do ACES Lezíria