“Novos Horizontes em Cancro do Pulmão de Não Pequenas Células em Estádio Precoce” foi o tema da reunião organizada pela Unidade de Pneumologia Oncológica (UPO) do Serviço de Pneumologia do Hospital Distrital de Santarém (HDS). O objetivo foi a partilha dos mais recentes avanços na terapia sistémica perioperatória de doentes com cancro do pulmão em estádio precoce.
A abertura da reunião contou com as intervenções de Maria Filomena Roque, diretora clínica do HDS, que fez uma breve contextualização sobre o panorama do cancro do pulmão a nível mundial; de Gustavo Reis, diretor do Serviço de Pneumologia, que lembrou a excelência dos cuidados prestados no âmbito da oncologia pneumológica no HDS, constituindo uma das áreas de maior diferenciação do Serviço que dirige; e de Cláudia Lares dos Santos, coordenadora da UPO do HDS, que falou sobre o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido.
De acordo com Cláudia Lares dos Santos, o cancro do pulmão continua a ser o tumor mais letal a nível mundial. “Em mais de metade dos casos é diagnosticado em fases avançadas, com metastização presente, o que se associa a piores resultados e a maiores custos. Apesar das últimas duas décadas terem sido prodigiosas no que respeita ao surgimento de novos tratamentos para estádios avançados, como por exemplo terapias dirigidas a alvos moleculares ou inibidores de checkpoints imunitários, as sobrevivências continuam a ficar muito aquém do desejado”, afirma.
Já quando o cancro do pulmão é diagnosticado em fase precoce e não existem gânglios linfáticos mediastínicos envolvidos nem metastização associada, as perspetivas de sobrevivência são “substancialmente mais animadoras”, com mais de 90% dos doentes vivos cinco anos depois do diagnóstico.
“Espera-se que nos próximos anos Portugal consiga organizar-se por forma a iniciar a implementação de um rastreio de cancro do pulmão, à semelhança do que já sucede em outros países, como a Croácia, a Polónia ou a República Checa”, menciona a médica pneumologista. Segundo refere, a “realização de uma TAC de tórax anual, com baixa dose de radiação, a indivíduos de risco, mostrou em vários ensaios clínicos associar-se a redução da mortalidade, devido ao aumento brutal do número de casos diagnosticados em fase precoce e por isso candidatos a cirurgia, que é a modalidade terapêutica que apresenta a melhor probabilidade de cura”.
“De acordo com o que os estudos mais recentes nos têm demonstrado, a utilização de terapias multimodais, em que associamos quimioterapia, inibidores de checkpoints imunitários e terapias dirigidas a alvos moleculares, em diferentes combinações e em contexto de neoadjuvância e/ou adjuvância, parecem melhorar significativamente os resultados em doentes que são submetidos a cirurgia com intuito curativo”, conclui Cláudia Lares dos Santos.