Domingo, Setembro 8, 2024
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Terra Ardente

Permitindo apenas como úteis as primeiras horas da manhã, os dias pequenos, como pequenas as noites em que o sono tarda de noite e sobra na abençoada frescura da manhã.

O Ribatejo, Santarém sempre foi braseiro por onde o desejo transpira pelas horas amornadas com a aragem do planalto.

Enquanto jovem, o refúgio numa Igreja, em vez de conciliar “pecado e perdão” apelava ao conforto de corpos com as condições encaloradas externas e quiçá de extases interiores.

Para além dos templos em pedra fria, os Bancos que ocupavam em abundância a substância do Centros históricos, eram lugares de permanências desejáveis, pela economia não de moeda mas de esforços físicos.

Sombras espessas nos jardins, com bancos de inevitável assento eram interregnos em temperaturas castigadoras.

Em várias paragens estrangeiras por onde andei, a população gozava, nestes dias tórridos, de aspersores de vapor de água, para gáudio de comerciantes gratos.

Em alternativa toldos benfazejos forravam passeios em zonas comerciais.

Bebedores de água fresca e urinóis serviam a comodidade de crianças e idosos em vez de entregar esses serviços à gentileza da indústria hoteleira…Para economizar tostões prejudicam-se milhões, sobretudo em domingos, feriados e depois do rigoroso “horário comercial”, quando um dos poucos turistas, incauto, se aventura em passeio pelo que terá sido um Centro da Cidade com tudo encerrado. Os comerciantes não consentem a troca de domingo por nada desta vida…

Uma Cidade não vive sem coração. Aquele significativo lugar irradiante onde se busca pertença, património, vivência.

Não adianta a solução avulso, que se enche como um balão e logo se deixa esvair, com assinalada data de final de época.

Algumas Cidades do Ribatejo esquecem características campestres… o apetecível ruralismo de memórias hospitaleiras, as frondosas sombras do convite a permanecer, o gozo da proximidade do rio que as fez nascer.

Enfatizadas modernidades produzem empedrados estéreis, visíveis por todo o lado, incaracterísticos sistemas de iluminação sem rasgos criativos, um “Ar Livre” desaproveitado apenas produzindo espetáculos e eventos para cumprir programação. Toda uma estrutura descendente que não beneficia a iniciativa local, antes se apropria comprando interesses grupais e particulares.

Tanto trabalho de muita gente exausta de verão e ainda tanto para cumprir a favor das Associações fundamentais dum Projeto Cultural em continuidade.

Fantasio o que poderia ser o Projeto das Estátuas Vivas em atos da história das Cidades, por exemplo, um Prior do Crato a ser aclamado rei na Praça Velha, a entrada de D. Nuno Alvares Pereira na Corte de Santarém, imagens cotidianas no Chafariz D’El Rei, de viajantes no Chafariz das Figueiras, na Fonte de Palhais, uma cena Árabe na corte das Alcáçovas – Movimentava grupos de teatro, recriava a história, e, claro o dinheiro que a outros aproveita servia de facto a cultura local.

Opiniões em dia de terra ardente…

Manuela Marques

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