Maria Luísa Albuquerque “salvou” o país aquando da Troika. Emparelhando com Passos Coelho – para este último agenda-se tenuemente uma candidatura à presidência da República – o mal que foi perpetrado a milhões de portugueses está esquecido.
O Governo de agora tem esta forma de premiar os seus dilectos comparsas! Apanhados na “rede insaciável” de Coelho e Albuquerque, os mais frágeis cidadãos foram espoliados de recursos a que tinham direito por anos e anos de descontos. Que eram os recursos de uma vida de trabalho: as reformas.
Cerca de milhão e meio de cidadãos, a que se juntaram uns 700 mil funcionários públicos, viram-se repentinamente “aliviados” de subsídios de Natal, de subsídios de férias. Para que não suscitassem dúvidas à “salvação da Pátria”, muito menos dinheiro caiu nos vencimentos mensais. Foi um “fartar vilanagem”, muito além das incumbências da Troika.
Bons alunos, Passos e Albuquerque, cavaram o fosso entre a governação e o Estado Social, a que viraram costas e apresentavam com arrogância nos media: “fazemos o que tem de ser feito”, proclamavam, aludindo à devolução dos dinheiros que os anteriores governantes desbarataram.
Propulsores de uma economia depauperada, os reformados, alcunhados à época de “exército grisalho”, ainda hoje se continuam como benfeitores de filhos e netos. Aos netos, que não têm sequer recursos para um “quartinho”, que lhes permita a permanência universitária, acorrem os avós no apoio financeiro.
Como dissertou Hannah Arendt (filósofa, 1906-1975), na obra “Banalidade do mal”, a massificação da sociedade cria uma multidão incapaz de fazer julgamentos morais, daí branquear os sofrimentos perante as medidas tomadas.
Pois, vamos lá esquecer essas “coisinhas” de Albuquerque e Passos e aplaudam mais uma gesta gloriosa, de uma portuguesa na Comunidade Europeia. Assunto bem guardado (que, afinal, todos sabíamos), o Senhor Primeiro-Ministro anunciou-o com gáudio e peito cheio!…
Arnaldo Vasques
Mestre em Antropologia / Temas Contemporâneos / FCSH – NOVA
Recordar é viver e por isso quem é filho de boa gente nunca se esquece do bem ou do mal que os outros fazem. Nunca se deve esquecer o mal que muitos governantes têm feito ao longo dos velhos tempos e da democracia. Se muitos perdoam porque a sua religião assim os ensinam outros nunca perdoaram pelo mal que esses políticos fizeram aos portugueses e em especial aos funcionários públicos. OBRIGADO pelo magnifico artigo..
Também saudo o corajoso artigo.
Apenas faço uma pequena rectificação :
Chamaram-nos PESTE GRISALHA.
“Exército” seria quase um “elogio”.