Tropeçar numa pedra; partir uma perna por ter escorregado em cascalho que foi uma montanha rochosa; sentar numa pedra o cansaço dum árduo caminho; atirar uma pedra à água para apreciar o efeito de rasgar gravidade; gravar numa pedra um signo; cravar o olhar numa pedra fulgente duma joia; brincar com os sons do jogo das 5 pedrinhas de seixos de rio…
Admirar pedras de muitas toneladas nas pirâmides do Egipto; as pedras memórias do Império Romano; as pedras agrupadas na antiquíssima Grécia; as pedras da minha rua…
As de levar para casa pesadas de lembrança, as que carregamos às costas, nas mãos e no peito…
A pedra pontapeada por desfastio e tédio; a pedra sinalizando extremas dum terreno, assinalando domínios de egos contidos; pedras dum caminho-de-ferro cujo título esquece as pedras que ocupam o recheio das linhas; pedra quente onde se cozinha, onde se aquece a cura que a massagem provoca, e até uma sopa feita com a dita pedra…
Que obra demorada faz o tempo nas pedras, como o mar trabalha lento as formas onde repousa o nosso olhar, como um repetido pingo esculpe estalagmites, ou cava persistente a terra pedregosa amaciando o trabalho do homem.
Quão grandes são esses tamanhos conseguidos pelos minérios que as compõem! Que vida de compostos elas escondem e revelam!
Tais como os simples fungos que surgem da terra, importam no universo onde se projeta as nossas vidas, tudo é matéria de que somos parte – tal como um pedacinho de unha do meu dedo grande!
(Em Santarém no próximo dia 29 de Setembro, vamos falar de pedras e do que elas nos contam, as histórias que revelam, às 9h na Casa do Brasil).
Manuela Marques