A Bienal de Artes de Coruche abriu oficialmente as suas portas no passado sábado, transformando a vila e várias freguesias do concelho numa verdadeira galeria a céu aberto. O evento, que se prolonga até 10 de novembro, destaca-se pela interação entre arte contemporânea e o território, promovendo um diálogo entre a cultura local e expressões artísticas de várias disciplinas.
A inauguração, que decorreu no Museu Municipal, contou com a presença de centenas de pessoas, muitas das quais participaram em projetos colaborativos e exposições que envolvem artistas locais, escolas e associações.
A abertura da Bienal deu a oportunidade de conhecermos as obras resultantes das residências artísticas e de outras projetos desenvolvidos no âmbito da Bienal.
Angelina Nogueira, Antónia Labaredas, Carlos Barradas, Frederido Ferreira, Joana Paraíso, João Farelo, José Eduardo Rocha, Neide Carreira, Susana Cereja e Rossana Ribeiro são os artistas selecionados para desenvolverem os seus projetos em residências artísticas em Coruche.
Com curadoria de Carmo Moser e André Moser, as residências artísticas desenvolveram-se pela primeira vez de forma descentralizadas, com os artistas distribuídos por várias freguesias do concelho.
A vereadora da Cultura, Susana Cruz, sublinhou a importância da Bienal na valorização das expressões artísticas locais e na promoção das comunidades das freguesias, reforçando o papel da arte como elemento agregador do território.
O itinerário percorreu diversos pontos da vila numa viagem pelas diversas obras resultantes das residências artísticas e de outros projetos inseridos no circuito expositivo entre o Museu Municipal, o Parque do Sorraia, a Galeria do Mercado, a Casa do Furo e o Pavilhão Multiusos.
Em destaque as obras criadas no âmbito das Envolvências Locais que promoveram a participação de artistas locais, escolas, associações e outras entidades, sob o tema da Floresta. O trabalho colaborativo com a participação de muitas dezenas de pessoas resultou em três árvores expostas no parque do Sorraia.
Na Galeria do Mercado, podemos ver as exposições “Territórios”, uma mostra coletiva de fotografia no âmbito do projeto Envolvências Locais, uma instalação fotográfica desenvolvida pela Escola Superior de Educação de Lisboa com o título “Ofício do Carvão”, e um vídeo documental de Sérgio Braz d’Almeida com o título “Diários de Coruche” , trabalhos que exploram as raízes culturais e históricas da região, oferecendo uma visão introspetiva e crítica sobre a relação entre Arte e vivência comunitária.
Junto ao pavilhão desportivo, a Casa do Furo serviu de tela a uma pintura de arte urbana do artista Magriço com o título A Esquina. O artista que desenvolve o seu trabalho e pesquisa estética em torno das relações entre o simbólico, o imaginário e o real, esteve a trabalhar esta obra entre os dias 30 de setembro a 3 de outubro.
O Pavilhão Multiusos está transformado uma imensa galeria de artes. Salão Arbóreo é o título da exposição das Envolvências Locais no pavilhão multiusos. Um imenso painel que envolveu a participação de centenas de pessoas reveste as paredes do pavilhão e ainda um extenso biombo com trabalhos inspirados no tema da floresta e do território de Coruche.
Nos pilares do pavilhão podemos ler poemas escritos por 16 poetas locais envolvidos no projeto Um Poema no Território, trabalho desenvolvido pelo movimento Um Poema na Vila, dinamizado por Ana Freitas.
Outro momento alto foi a performance aérea da professora de dança e acrobacia aérea Tatiana Nozes, intitulada “Voar mais alto que os pássaros”, que encantou o público com a sua expressividade e simbolismo.
Ficamos a conhecer mais alguns trabalhos desenvolvidos pelos artistas residentes, como a performance de Angelina Nogueira, um trabalho que utiliza troncos e tiras de cortiça, pedras, terra e folhas, a partir dos quais produz uma banda sonora ao vivo.
Destaque para a tapeçaria de Susana Cereja. A artista trabalhou na freguesia da Branca e envolveu a população local na confeção da obra. Uma tapeçaria em ponto de Arraiolos, que contou com a participação de 24 pessoas que aprenderam com a artista o difícil e demorado ponto de Arraiolos. O resultado é uma obra única que tem a originalidade suplementar de as franjas da tapeçaria serem feitas com canudos que eram usados nas ceifas dos cereais para proteger os dedos das ceifeiras.
Seguiu-se um concerto da Sociedade Instrução Coruchense, que interpretou em estreia mundial a “Sinfonia n.º SIC”, da autoria do artista residente José Eduardo Rocha.
A Bienal de Coruche continua com uma programação rica que inclui performances, concertos, workshops e visitas guiadas, sendo um convite imperdível para descobrir a Capital do Sorraia e as suas dinâmicas culturais e sociais.
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