Uma caixa colectiva aberta. Um museu. Estas caixas de cultura são uma urgência no conhecimento.
Ouça aqui a crónica no podcast do Mais Ribatejo:
Recentemente em S. Paulo senti-me em mi maior ao visitar algumas das suas caixas.
Foi o caso do Museu da Língua Portuguesa, aberto em 2006 por Gilberto Gil[1]. Pelos vistos, o único no mundo dedicado a um idioma. E se um idioma diz tanto. É a expressão cultural do seu povo. E de cada um. O povo faz o idioma e o idioma faz o povo[2] , afirmou Miguel Unamuno. E ali está a História do povo brasileiro e o seu agora. E são turmas de crianças, jovens, com os seus professores, a entenderem a sua existência. A enformarem dignamente o seu futuro. Com os mesmos olhos sequiosos os vi com professores – ou sem eles, ao fim-de-semana em filas infindáveis – a folhearem livros na Bienal do Livro de S. Paulo em Setembro último. O conhecimento forja felicidade.
A mesma emoção tomou-me ao conhecer o Real Gabinete Português de Leitura criado em 1837 no Rio de Janeiro. Ali ao lado da primeira construção da primeira Praça do Comércio no Rio de Janeiro no séc. XIX, conhecida hoje ainda por Antiga Alfândega. Era o local de reunião dos homens de negócios. Hoje um digno centro de exposições. E a beleza do interior do Real Gabinete Português de Leitura imiscui-se com a da escrita dos poetas e escritores sentados nas inúmeras estantes que o rodeiam e que escalam até ao céu. Onde tantas vezes nos aquietamos. São eles que desde há séculos e os que pelo caminho se lhes somam a condição humana na literatura cuidam.
E Camões com honras de pedestal bem defronte todos recebe. E embevece-se com os muitos olhos nos seus originais e reedições vários, alguns raros. É que são 500 anos este ano. “Quinhentos Camões o Poeta Reverberado“, diz o Brasil.
Ana T. Freitas
Notas
[1] Gilberto Gil, Salvador, Baía, 1942, cantor, compositor, multi-instrumentista, produtor musical, escritor e político. Brasileiro. Exerceu vários cargos políticos, entre eles MInistro da Cultura de 2003 a 2008.
[2] Miguel de Unamuno, Bilbau, 1864 – Salamanca, 1936, ensaísta, romancista, dramaturgo, poeta e filósofo espanhol.
Muito Bom, Ana T. Freitas!
É emocionante ver como os brasileiros honram a Língua Portuguesa!
*Um Museu da Língua Portuguesa?
*Um Real Gabinete Português de Leitura?
E o Amor pelos nossos Poetas, e outros ramos?
E pela História nossa=deles?
Honro-te, Brasil! Tu, que não esqueces as tuas raízes=nossas!
Obrigada, Ana T. Freitas!
Muito obrigada, Júlia Miguel, por este seu comentário.
Parabéns, Ana T Freitas, pelo enaltecimento histórico da língua portuguesa, através dos cultores do passado e do presente.
Muito obrigada, Zenaida Chantre, pelo comentário.